A IMPORTÂNCIA DA PÁSCOA PARA OS CRISTÃOS
A nossa páscoa é recheada de comércio, sendo assim ofusca a mensagem principal da Páscoa que é a morte e ressurreição de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. O comércio inseriu chocolates para que as pessoas entrem em um consumismo desenfreado fazendo gastar o que pode e o que não pode, entretanto este pequeno artigo que é bem propedêutico irá revelar a mensagem original da Páscoa. Aqui só há comentários de como o Páscoa surgiu lá no Antigo Israel não há comentário da Páscoa no Novo Testamento.
AS FESTAS ANTIGAS DE ISRAEL
Há pelos menos 3 festas de peregrinação no antigo Israel, as hag, Ázimos, as Semanas e as Tendas, e a festa da Páscoa, que foi por fim ligada à dos Ázimos. E existem as festas posteriores que são O Dia da Expiação - Yom Kippur (yom hakippurim); a Festa de Hanukká (que modernamente é conhecida como A Festa da Dedicação) e a Festa do Purim.
A Festa da Páscoa e Ázimos
A hag da Páscoa é neotestamentária, entretanto é a principal festa dos judeus e continuou sendo, mas atrás dela há uma grande história e que muitas vezes é obinubildada.
O livro principal que se deu a iniciação da Páscoa é o Livro do Êxodo capítulo 12, porém há muitos outros livros que falam acerca da hag da Páscoa. Nos calendários religiosos de Êxodo 23.15; 34.18 e 25; Deu. 16.1-8; Lev. 23.5-8, os rituais de Neemias 28.16-25; Eze. 45.21-24, o relato de Neemias 9.1-14, que sob forma de narrativa, relata a Páscoa no segundo mês. Há também outras narrativas que falam a respeito: a primeira Páscoa Êxo. 12; a da entrada em Canaã, Jos. 5.10-12, a de Josias 2º Reis 23.21-23 = 2º Cro. 35.1-18, a do retorno do Exílio Esd. 6.19-22 às quais não tem paralelos com o livro dos Reis, a Páscoa de Ezequias, que é a mais longa em 2º Crô. 30.
As relações descrita acima são todas viáveis, entretanto muitas são obscuras e de difíceis interpretações, contudo devemos buscar em materiais adjacentes, ou seja, extrabíblicos para um entendimento mais amplo e compreensível, por exemplo: Um papiro e dois óstracos, procedentes da colônia judaica de Elefantina e outros mais que nos ajudam a compreensão.
Evolução Histórica
Os textos legislativos, exceto de Ezequiel, provém do Pentateuco e cada um deles pertencem a tradições diferentes, contudo estes textos nos permite a traçar uma evolução da festa, confirmadas pelas informações mais breves e dos livros históricos e dos documentos de Elefantina.
1- A Tradição Sacerdotal
O texto que o representa é Lev. 23.5-8; Nee. 28.16-25; Nee. 9.1-14; Êxo. 12.1-20, 40-51. Que na realidade estes textos são duas festas sucessivas: a Páscoa e os Ázimos.
Páscoa - é celebrada na lua cheia do primeiro mês do ano que começa na primavera, desde o décimo dia deste mês, cada família escolhe um cordeiro de um ano, macho e sem defeito, ele é imolado no crepúsculo do dia 14 e seu sangue aspergido sobre as verbas e batentes da porta da casa. É um sacrifício zebah, cuja a carne deve ser assada e comida nesta noite de lua cheia; não se deve quebrar os ossos da vítimas e o que sobrar pós refeição deve ser queimado. Ela é comida com pães sem fermento e ervas amargas e os participantes devem estar prontos para viajar. Se a família é pouco numerosa, deve-se unir aos vizinhos; os escravos e os gerim, os estrangeiros residentes, participam da refeição pasca, desde de que sejam circuncisos.
No dia 15, começa então a hag dos Ázimos, massot. Desaparece o velho pão fermentado e, durante 7 dias, do 15 - 21, só se come pão ázimo, isto é, sem fermento; o primeiro e o sétimo dia são de descanso e acontece uma assembléia religiosa.
Este ritual é referido em Ezequiel 45.21. Mas em Esd. 6.19-22 segundo o Papiro Pascal, de Elefantina, de 419 a.C. é vista com uma nova descrição para esta colônia judaica, é interessante então observar as datas.
2- O Deuteronômio
Baseado em Deuteronômio 16.1-8 é onde aparece a junção pela primeira vez das duas festas, Ázimos e Páscoa, mas ainda que o sacerdotal. Os vv 1,2,4b-7 são relativos a Páscoa que é celebrada no mês de Abibe, mas o dia não é indicado. A vítima pode ser gado grande ou pequeno, mas não em qualquer lugar, mas no lugar em que Iaveh escolhe, para que seu nome venha habitar lá, a saber, Jerusalém. É neste santuário que a carne deve ser assada e comida e no outro dia o retorno para as suas casas.
Como este texto de Deuteronômio é compósito, os vv 3,4a e 8, também descreve a hag dos Ázimos, o massot, um pão de miséria. O sétimo dia é de descanso com uma assembléia religiosa. Essa aproximação é, contudo, artificial: se o povo se dispersa na manhã que se segue a noite da Páscoa, ele não fica até a reunião do sétimo dia para comer pães Ázimos.
É seguindo estes moldes ritualistas deuteronomista que Josias celebra a Páscoa, 2º Reis 21-23, onde não se trata dos ázimos. Porém a novidade desta festa é fortemente enfática:
"não havia sido celebrada uma Páscoa como aquela desde os dias dos juízes que tinham regido Israel e durante todo o tempo dos reis de Israel e de Judá."
O relato desta Páscoa é mais compreendido em 2º Crô. 35.1-18. O Cronista também insiste nesta novidade: "nenhuma Páscoa tinha sido celebrada como aquela desde a época de Samuel" 2º Crô. 35.18.
Mas em que consistia essa novidade? Para descobrir deve-se comparar com os usos mais antigos.
3- Os Antigos Calendários Religiosos
Os dois calendários religiosos mais antigos falam dos Ázimos, Êxo. 23.15; 34.18, mas não da Páscoa. Os massot são comidos durante 7 dias do mês de Abib.
Trata-se da festa da Páscoa em Êxo. 34.25, mas fora do calendário das festas da peregrinação; o paralelismo levar a deduzir também a Páscoa em Êxo. 23.18, ainda fora das 3 festas da peregrinação, porém a presença da palavra hag nos dois versículos colocaria sua redação após o Deuteronômio, quando a páscoa teria se tornado uma peregrinação, hag.
A inovação é justamente essa peregrinação para a qual se vinha ao santuário único. É isso que Deuteronômio e Josias propõe. Era uma consequência da centralização do culto. Antes, a Páscoa era uma festa familiar, celebrada em cada cidade e em cada casa de família, Êxo. 12.21-23; Deu. 16.5, e ela era distinta da peregrinação dos massot. Como as duas festas caiam em datas comuns, e tinham peculiaridades muito comuns, foram reunidas, entretanto, está junção ainda não estava feita na época de Josias e ela só aparece em Ezequiel 45.21 e nos textos sacerdotais.
Há uma outra passagem de Crônicas, que a festa de Josias não teria sido uma novidade tão grande assim: uma Páscoa semelhante já havia sido celebrada em Jerusalém sob Ezequias, com a particularidade de que os prazos exigidos para a purificação dos sacerdotes e para a convocação dos fiéis do antigo Reino do Norte seria no 14º dia do segundo mês; está foi, diz 2º Crô. 30.26, uma festa como não se tinha visto desde o tempo de Salomão. A diferença do mês se acha devido o calendário diferenciado das tribos de Judá e de Efraim.
Reconhecida a novidade da páscoa, essa novidade era absoluta? O texto nos revela que isso nada mais era que uma volta aos costumes mais antigos, que era muito tempo já negligenciada, "desde a época dos juízes", 2º Reis 23.22, "desde a época de Samuel" diz 2º Crô. 35.18, logo deve-se distinguir duas questões: a ligação da Páscoa e dos Ázimos e a obrigação de celebrar a páscoa só em Jerusalém.
Em favor mais antiga das duas combinações temos Josué 5.10-12, no primeiro acampamento da Terra Prometida, onde os israelitas celebraram a Páscoa, na tarde do dia 14 do mês, eles comeram "naquele mesmo dia", "no dia seguinte à Páscoa", produtos do país, os massot e as espigas tostadas; então o maná parou de cair. Está seria uma tradição do santuário de Gilgal, onde a Páscoa e os massot comemoravam o fim do Êxodo e a entrada na Terra Prometida. Mui pouco, é certo que se tratasse da festa dos massot conhecida pelos texto litúrgicos; o mais antigos destes fazem a festa durar 7 dias e não falam de espadas tostadas. Tem-se antes uma imprensão de uma tradição independente, que reflete um costume do santuário de Gilgal, mas que não prova que no início da instalação do povo em Canaã se tivesse unido à Páscoa e uma festa dos Ázimos tal qual ela é descrita nos outros textos.
Quanto celebrar a Páscoa em Jerusalém, está é verdadeira novidade do Deuteronômio; é bem possível que, como dizem em 2º Reis 23.22 e 2º Crô. 35.18, a Páscoa tenha sido até uma instituição da monarquia, uma festa comum, celebrada no santuário central da federação das tribos, assim como ela tinha sido uma festa tribal antes da sedentarização; neste momento a festa da Páscoa se torna uma festa da família, e por causa disso houve uma descentralização do culto e um silêncio nos calendários. O Deuteronômio e a reforma de Josias fizeram convergir as duas festas em Jerusalém e elas foram finalmente unificadas.
Mais as duas festas apesar de serem peculiares entre si, sua origem e seu caráter são diferentes.
a) A Origem da Páscoa
Em hebraico pesah. Sua origem é muito discutida ainda. Todavia a Bíblia a põe em relação com a raiz hebraica ps, que significa "coxear" 2º Sam. 4.4; "coxear, saltar", 1º Reis 18.21: quando a última praga do Egito, Iaveh saltou, omitiu as casas onde era celebrada a Páscoa, Êxo. 12.12,13,23,27,29.
A Páscoa aparece como um ritual de pastores, é um sacrifício de nômades e seminômades, aquele de todos os rituais israelitas que mais se aproxima dos sacrifícios dos antigos árabes: não há intervenção de sacerdote, não há relação com altar, mas há a importância do rito de sangue. É, na primavera, o sacrifício de um animal novo para obter a fecundidade e a prosperidade do rebanho. O sangue colocado sobre os batentes da porta, primitivamente sobre as armações da tenda, deve afastar os poderes maléficos, o mashit, o exterminador, cuja menção é conservada na tradição javista, Êxodo 12.23. Outros detalhes da Páscoa é relativo a festa de nômades, que se segue a mesma tradição: come-se a vítima assada no fogo, sem que haja necessidade de utensílios de cozinha, ela é comida com pão sem fermento, o que é ainda hoje o pão dos beduínos, e com ervas amargas, que não são legumes cultivados em uma horta, mas plantas do deserto que os beduínos sabem escolher para temperar sua alimentação frugal. Come-se com os lombos cingidos e as sandálias nos pés, como para uma longa marcha, e o calado à mão.
A Páscoa é uma festa muito antiga, ela remonta à época em que os israelitas ainda eram seminômades; ela é anterior ao Êxodo se a festa do deserto que os Israelitas se propunham a celebrar, Êxodo 5.1, já era uma Páscoa.
b) A Origem dos Ázimos
Os Ázimos, massot, são os pães sem fermento, está festa marcava o princípio da ceifa da cevada, que era feita primeiro. É a partir daí, "quando a foice começar a cortar as espigas" Deu. 16.9, que são contadas as sete semana até a festa da Colheita ou das Semanas. Durante sete dias, se come pão feito com os grãos novos, sem fermento, isto é, sem nada que venha da ceifa anterior, é um novo começo. Não se deve apresentar de mãos vazias a Iahvé, Êxodo 23.15; 34.20. A festa tem um caráter de uma primeira oferenda das primícias, que será acentuado quando o ritual posterior detalhar o ritual do primeiro feiche, Lev. 23.9-14. Mas a verdadeira festa das primícias é a das Semanas, que marca o fim da ceifa do trigo; a festa dos Ázimos é só a preparação: as duas festas abarcam o tempo das ceifas.
Ela é uma festa agrícola que só começou a ser celebrada com a entrada em Canaã, Lev. 23.10. É provável que eles tenham emprestado está festa do cananeus, pode se considerar a esse respeito a execução dos descendentes de Saul no lugar alto de Gibeá, 2º Sam. 21.9-11, acontecida no princípio da ceifa, pode se observar este ato nos poemas de Ras Shamra. Mas fora a coincidência das datas, os rituais não tem nada em comum e, em Israel, os Ázimos sempre estiveram ligados à semana; eles duram 7 dias, Êxo. 23.15; 34.18, de um sábado a outro, Êxo. 12.16; Deu. 16.8; Lev. 23.6-8, o que justificou a inserção da lei do sábado após a dos massot em Êxo. 34.21, com a informação "foi no tempo... Da ceifa", que começa com os Ázimos. Essa relação com o sabá indica que não se trata só de sete dias quaisquer consagrados a uma festa, com equivalentes fora de Israel, mas de uma festa ligado ao sistema da semana, e isto é confirmado pela contagem que fixa a festa da Colheita sete semanas após os Ázimos, Lev. 23.15; Deu. 16.9. Mesmo que está festa tenha uma origem cananéia, ela assumiu um caráter propriamente israelita.
c) A ligação com a história da salvação
Em todas as tradições, os Ázimos, Êxo. 23.15; 34.18; Deu. 16.3, ou a Páscoa Deu. 16.1,6, ou a Páscoa e os Ázimos, Êxo. 12.23-27,39 (tradição javista), Êxo. 12.12-13,17 (tradição sacerdotal) são ligadas a saída do Egito. A ligação é mais explícita em Êxodo 12, que incorpora em seu relato da saída o ritual de duas festas: é para ajudar nesta libertação e para comemorá-la em seguida que esses ritos foram instituídos.
O ponto culminante é a noite que é revivida na noite da Páscoa, a noite que se vela com Iahvé "velou", Êxo. 12.42. De manhã, Êxo. 14.24, os egípcios estão derrotados; é o triunfo de Iahvé, celebrado em um cântico de vitória, que acaba com a glorificação do Templo de Jerusalém, onde a festa acontece e onde Iahvé reside para sempre, Êxo. 15.17.
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