sábado, 12 de março de 2016

INSPIRAÇÃO E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS - AS TEORIAS DE INSPIRAÇÃO

A INSPIRAÇÃO E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS






Bem sabemos que a Bíblia foi inspirada por Deus e que todo seu conteúdo no que diz respeito ao espiritual e o no que tange ao histórico (geografia, história, arqueologia entre outros). Mas há quem diga que a Bíblia só é inspirada na parte espiritual do texto e que ela foge um pouco da parte histórico. Sabemos claramente que a Bíblia é infalível e é inerrante no que diz respeito à sua Autoridade, como sendo divina. Como pode então um Deus inspirar seus filhos a escreverem e estes mesmos errarem e pior fazer inserções nos textos colocando inverdades cujo ao qual podem comprometer toda autoridade bíblica. Claro que isso seria uma incoerência da parte dos escritores, uma falta de respeito para com os leitores e uma falta de temor para com a sua crença.
Uma das maiores prova do amor de Deus para com a sua humanidade foi ter deixado a Bíblia em nossas mãos. Criada em um mundo oriental onde foi usadas figuras e linguagens típicas e bem peculiares da sua região, língua e cultura a Bíblia serve para todos os povos, nações e épocas até porque ela é transcultural.
A Bíblia contém 66 livros escritos por 40 autores em datas e lugares diferentes que pendura cerca de 1500 anos. Nela se desenvolve um único tema, a saber:


A Redenção do Homem.

O tema se divide assim:

1- O Primeiro Testamento: a preparação do Redentor.

2- Os Evangelhos: a manifestação do Redentor.

3- Os Atos: a proclamação da mensagem do Redentor.

4- As Epístolas: a explicação da obra do Redentor.

5- O Apocalipse: a consumação da obra do Redentor.

Com exceções de algumas partes do AT, o AT dedica-se ao trato de Deus com o seu povo escolhido. Deus elegeu o povo hebreu com três finalidades: a) ser depositário de sua Palavra; b) ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações e c) ser o meio pelo qual viesse o Redentor

  
A BÍBLIA DE DEUS A NÓS

Os pensamentos na mente de YHVH - DEUS
·      REVELAÇÃO
Os pensamentos na mente do autor humano
·      INSPIRAÇÃO
Estes pensamentos em forma de escrita
·      CANONIZAÇÃO
A coleção destes escritos num livro - TA BÍBLIA
·      PRESERVAÇÃO DOS AUTÓGRAFOS
Cópias e traduções deste livro
·      ILUMINAÇÃO/INTERPRETAÇÃO
Os pensamentos de Deus em nós hoje

Acreditamos que os primeiros textos, autógrafos (autógrafos - sabemos que a duração dos autógrafos não eram longas sua durabilidade era mais ou menos cerca de 100 anos. É bem possível que a partir do ano 100 d.C. foram feitas muitas cópias destes textos e se tivessem alguma dúvida tinha como se reportar aos textos autógrafos. Quem fez as próprias cópias foram os detentores dos autógrafos para o resto do mundo cristão da época. Logo, os redatores eram fiéis em suas cópias, pois havia muita pressão neles porque ainda tinha como consultar o original. Entretanto, o fator da distância influenciava muito ao acesso dos originais, exemplo, para o Norte da África obter acesso aos originais de Efésios sairia muito dispendioso em termos de dinheiro, tempo sem contar com a parte geográfica que piorava mais ainda a situação. Logo, presumimos que as cópias eram bem próximas aos originais. Quem detinha então os autógrafos? A Ásia Menor continha os seguintes autógrafos: João, Gálatas, Efésios, Colossenses, 1ª e 2ª Timóteo, Filemon, 1ª Pedro, 1ª, 2ª e 3ª João e Apocalipse totalizando 12; a Grécia tinha 6: 1ª e 2ª Coríntios, Filipenses, 1ª e 2ª Tessalonicenses, e Tito em Creta; Roma tinha 2: Marcos e Romanos; quanto os outros Lucas, Atos e 2ª Pedro provavelmente estava na Ásia Menor ou Roma; Mateus e Tiago na Ásia Menor ou Jerusalém (Jerusalém é conhecida também por Palestina, mas esse não é o termo correto, a Bíblia não fala em lugar nenhum sobre isso, Hebreus em Roma ou Jerusalém; e Judas de repente na Ásia Menor. Considerando a Ásia Menor e Grécia juntas, a região de Egéia detinha a maior parte dos autógrafos pelo menos 18, ou até mesmo 24 dos 27 manuscritos neotestamentários), foram perdidos e o que temos hoje são cópias das cópias e nestas cópias podem conter erros de ortografia, de grafia, entre outros e podem acontecer também erros sem propósitos como um pingo da tinta cair na letra hebraica Veit e virar Beit (o pingo pode ocasionar essa troca, pois pode virar um daguesh) entre outros, não sabemos o certo, mas no que tange a totalidade dos Escritos Sagrados todos, todos eles foram soprados por Deus.
No Antigo Testamento funciona mais ou menos da mesma maneira, o AT é composto pela Bíblia Hebraica que nós chamamos de TENAK composto pelas siglas TNK que contém as seguintes divisões:

T - TORA - PENTATEUCO - LEI (o livro em 5 volumes que vem da versão grega e remonta ao século III antes de Cristo, chamados pelos judeus como a Lei de Moisés, por ter escrito os livros): Gênesis - Deuteronômio

N - NEBIIN (PROFETAS): HISTÓRICOS: Josué - Reis

K - KETUBIM (SAGRADAS "ESCRITURAS"): Restantes, como Salmos e o Livro de Jó

A ESTRUTURA DO ANTIGO TESTAMENTO (HEBRAICO)
Nome:
Conteúdo
Provável fixação "canonização"

Tora "Instrução"

"Pentateuco"
Gênesis, Êxodo, Levítico. Números, Deuteronômio.

Século V/IV a.C. Samaritanos



Nebiin "Profetas"

"Profetas anteriores"
Josué, Juízes, I-II Samuel, I-II Reis.

"Profetas posteriores"
Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Num, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.






Século III a.C.



Ketubim "Escritos"

Salmos, Jó, Provérbios

5 Megillot ("rolos" das 5 festas anuais): Rute, Cantares, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel
Obra Historiográfica Cronista -Esdras, Neemias e I-II Crônicas.





100 d.C.

Mas o nosso propósito aqui é estudarmos as três teorias da inspiração, a saber: Teoria da Inspiração Proposicional Direta, Teoria da Inspiração Proposicional Indireta e Teoria da Inspiração Cósmico-Histórica. Certo que precisaríamos de um semestre pelos menos para explicar tudo o que essas teorias levam em conta, mas seremos bem específicos e diretos para entendermos como os principais estudos chegaram a conclusões de certos estudos sobre inspiração.

Antes de começarmos analisemos o pressuposto básico de 2ª Timóteo 3.16 e depois iremos mais profundo.

"Toda Escritura é divinamente inspirada (ou soprada)..."

O termo INSPIRADA:
A palavra "inspirada" aqui alocada, no original se encontra um pouco diferente, entretanto tem quase o mesmo significado.
O termo empregado aqui vem do grego THEOPNEUSTOS significa EXPIRAÇÃO, soprar para fora e não inspiração, soprar para dentro, logo, então o porque da NVI trazer em sua tradução "SOPRADA POR DEUS ".Mas o termo inspiração é uma palavra teológica e é aceitável, mas o termo não consegue exprimir o verdadeiro sentido da Escritura.
Quando nos referimos que a "Escritura é soprada por Deus" nos referimos a sua origem divina. Tudo que há na Escritura parte da vontade de Deus logo, podemos afirmar que a "Bíblia é a Palavra de Deus". Esta é a Doutrina da Inspiração Divina.
As traduções são variadas a respeito desse versículo, a saber:
"Toda a Escritura é dada por inspiração de Deus"; "Toda a Escritura que é inspirada..." o que nos dá ideia de que há trechos bíblicos que não são inspirados; "... Cada Escritura...", dando a ideia de "cada passagem bíblica". O problema é que falta no original grego um artigo definido o que poderia se referir as expressões "Escrituras" e "escritos", logo este versículo poderia significar "cada escrito que é inspirado por Deus", que acaba diferenciado de outros escritos apócrifos. Entretanto geralmente no grego helenístico ou no neotestamentário não são seguidas as regras gramaticais estritas e absolutas, e que a presença ou a ausência do artigo definido nem sempre é significativo (1ª Pedro 2.6; 2ª Pedro 1.20).
Quando Paulo escreve este texto ele estava se referindo aos textos veterotestamentários, o NT já estava quase todo formado ou todo ele e ele sabia exatamente que estava escrevendo impelido pelo Espírito Santo (1ª Tes. 2.13; 5.20; 2ª Pedro 3.15). De fato o apóstolo de Jesus recebera um grande ministério em suas mãos e ele tinha escrito por várias vezes que suas palavras não eram de sofistas, ou de filósofos, ou até mesmo como de rabinos, fariseus, entre outros, ele mesmo disse que não ensinava com: "sublimidades de palavras ou sabedoria... a minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder..." (1ª Cor. 2.1ss) Paulo expressa todo o caráter de sua pregação e de seu ministério, dando uma ênfase principalmente que o Espírito Santo é quem o inspira.

Análise exegética e hermenêutica: pegaremos como texto base a tradução do Comentário do Novo Testamento Esperança 2ª Timóteo, visto que há muitas traduções analisaremos pelo menos duas e delas faremos um paralelo entre si.

"Toda Escritura é infundida pelo Espírito de Deus e útil para a doutrina, arguição, restauração, educação na justiça"

A expressão "toda" "pasa" no grego - pode se referir a cada, toda, totalmente (Rom. 11.26; Atos 2.36; Efé. 3.15; Col. 4.12 todos esses se referem a todo, toda...).

Escritura - graphe - sem o artigo poderia ser a seguinte tradução: "toda passagem da Escritura"contudo, "Escritura" sem artigo também pode significar "as Escrituras" 1ª Pedro 1.20,21 - Hoti pasa propheteia graphes: "nenhuma única profecia da Escritura (toda)" .
A dificuldade era de compreender quais eram os "livros sagrados" que deviam ser inclusos nesse vocábulo, pois nem mesmo o A.T. estava formado no tempo de Jesus. Entretanto existiam pelo menos 3 Antigos Testamentos naquela época:

1- Os saduceus aceitava somente a Torah.

2- Os fariseus que habitavam dentro de Jerusalém aceitava somente a Lei, os Salmos e os Profetas.

3- Os judeus da dispersão, aqueles que moravam fora de Jerusalém aceitava, em adição a isso, 14 livros deuterocânonicos, 12 dos quais passaram a serem aceitos pela igreja católica romana por decisão do Concílio de Trento 1545-1563.
Portanto o uso das palavras do NT se referindo ao AT: "A Escritura diz:" também pode significar passagens bíblicas, um dito de Deus (João 19.36ss; 20.9; Atos 1.16; 8.32; Rom. 16.26; 1ª Pedro 2.6). Logo, as duas palavras pasa e graphe têm em comum que servem para designar tanto o todo por cada passagem específica como o todo em sua totalidade.

É - infundida pelo Espírito de Deus - no original falta esse verbo de ligação o que dá uma certa insegurança, mas ocorre mais vezes na Escritura como por exemplo em 1ª Tim. 1.8,15 e ambos faltam o verbo de ligação.
THEOPNEUSTOS - Ocorrência única. Theos - Deus e Pneustos - soprado (vem de pneuma - o espírito) ou seja, soprada por Deus. A palavra "inspirada" vem do latim e contém referência ao espírito (em latim:spiritus) o que se pode confundir com a palavra "infundida", por isso se deve explicar que é "infundida pelo Espírito". A expressão simbólica talvez seja a de Deus a soprar sobre as escrituras para fazê-las viver, tal como o fez com o homem, o qual se tornou alma vivente. Ou então as Escrituras podem ser reputadas aqui como o sopro de Deus, que infunde vida a tudo quanto atinge.

Útil - Do grego "ophelimos" que significa benéfico, vantajoso, útil. As Escrituras Sagradas não visa satisfazer a teologia e suas especulações, mas visa a satisfação da vida humana. A Escritura é útil pode ser usada para uma tarefa, que se desdobra em quatro partes; como podemos então analisarmos e compararmos as expressões "Toda a Escritura"; "Soprada por Deus " e "Útil"? Uma pergunta intrigante e que vai depender de como iremos analisar a palavra em grego. O termo grego KAI, pode ser traduzido de duas maneiras, a saber: "E" e "TAMBÉM". Mas iremos adotar o "E" para a nossa análise e também por causa de 1ª Tim. 4.4 que usa esse mesmo termo "tudo o que foi criado por Deus é bom e útil". Como devemos relacionar a palavra,theopneustos; aqui não é um adjetivo que descreve a Escritura: "Escritura Soprada Por Deus", mas como predicado, como primeira afirmação sobre a Escritura. 1º Ela é soprada por Deus e 2º é Útil.

A relação de que a Bíblia é inspirada significa que ela une Espírito e letra, justamente porque o Espírito de Deus a produziu por meio dos profetas e apóstolos.
           
Cada dito de Deus anotado é soprado por Deus, e é por isso que é revestido de autoridade para a Igreja.

Por ser dada pelo Espírito, a Escritura possui "validade permanente e eficácia constantemente nova"  Schlalltter, p. 259.

Filo de Alexandria já disseminara a opinião de que a atividade intelectual humana seria desligada no processo da inspiração em favor do Espírito divino no profeta.

1- Útil para o ensino do grego didaskalia - doutrina) aparece em primeiro lugar no versículo 10; 1ª Tim. 5.20; Tito 1.9-13. É possível que nas passagens a doutrina receba uma ênfase peculiar porque a heresia se alastra. Em todo o NT a doutrina sempre aparece no começo, porque é o fundamento da nova vida (Atos 2.42; Efé. 2:20; 2ª Tim. 3.14).
O que significa doutrina? Ela transmite entendimento para a ligação do agir divino e da instrução divina. (Comentário do Novo Testamento Esperança).
Logo, a Escritura em si não é doutrina mais é útil para a doutrina. Precisamente esse é o serviço da Palavra, no qual o obreiros precisa ser aprovado perante Deus, distribuindo corretamente a Palavra da Verdade. A partir disso a tarefa principal da teologia é serviço à Palavra.

2 - Arguição, repreensão do grego elegmos (elegchos) - aparece somente aqui e em Hebreus 11.1, onde tem o sentido de prova e evidência. Revelação tanto da culpa como da verdade. Essa palavra também indica a convicção, a condenação de um criminoso, ou então reprimenda, punição. O verbo elencho aparece em Tito 1.9,13 tendo o mesmo contexto "exortar pelo reto ensino como para convencer os que os contradizem", e isso equivale tanto para falsos mestres como para os crentes (Mateus 18.15; 1ª Cor. 14.24) todos que pecarem, errarem, tem que ser repreendido na frente de todos, e ele tem que se mostrar arrependido e mostrar que aceita a reta doutrina. Mas, arguir não significa  deixar uma pessoa no meio de sua vergonha, mas conduzi-lá a sua confissão e arrependimento, assim ele chegará a sua restauração.

3 - Restauração do grego epanorthosis - correção, aprimoramento; mostrar novamente o caminho correto que foi abandonado, conduzir de volta o pecador. A restauração é um ato de compaixão, enquanto a arguição pode acontecer de forma resoluta (o que é firme em seus projetos, ousado, determinado), e até mesmo com rigor, embora que rigor nem sempre significa ser duro.

4- Educação na justiça do grego paideia; pedagogia, educação das crianças, criação, treinamento, justiça, instrução - No tocante a justiça vem do grego “dikaiosune” indicando o treinamento naquilo que é reto, na verdade fácil de traduzir pela palavra "treino" hoje recorrente, outro termo ainda é condicionar fisicamente. Paideia representa a formação do ser humano tanto na vida exterior como na interior. Treinar na direção do aperfeiçoamento, mas não sob a lei, mas sim sob a graça.


2ª Pedro 1.20,21.
"Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo."

1.20

Provém – origina-se. A fonte das Escrituras inspiradas está aqui particularmente em vista, e não no seu manuseio.

De Particular elucidação (interpretação) – Um profeta não produzia sua escritura por seu próprio impulso, e nem por sua própria interpretação. As Escrituras não provieram por impulso ou de avaliação humana. Temos outros significados para este versículo:
1- se considerarmos que o termo ginetai significa é e não clareie, então este versículo pode ser simples declaração de que a interpretação das Escrituras não depende de compreensão de quem quer que seja.

2- popularmente, o versículo é explicado como se dissesse que nenhuma passagem das Escrituras pode ser considerada isoladamente do todo, porquanto a interpretação de qualquer passagem deveria ser feita em confronto com outras passagens. Isso expressa uma verdade, mas não é isso que ensina este versículo.

3- este versículo não que dar a entender que os próprios profetas não sabiam compreender e nem interpretar os seus escritos inspirados.

4- há outros que pensam que os profetas não podiam interpretar suas profecias pelo capricho pessoal, fixando a elas, desse modo.

5- naturalmente, o versículo não é contra a investigação particular das Escrituras, como se nenhuma verdade pudesse ser revelada ao indivíduo.

6- alguns intérpretes pensam que ipeliseos que geralmente significa interpretação, mas aqui significa anulada. Neste caso o significado seria: “Nenhuma profecia da Escritura pode ser anulada.” Mas mesmo assim é um sentido duvidoso.

Escritura – o A.T. está em foco, não havia então o cânon do N.T. Entretanto, o trecho de II Pedro 3.16 mostra-nos que o processo de canonização das Escrituras deveria estar no começo, pois algumas das epístolas de Paulo eram vistas pelo autor sagrado como escritura, e, muito provavelmente em pé de igualdade com A.T.

1.21

Foi dada – o autor se refere aos profetas do A.T., embora seu conceito de escrituras incluísse pelo menos algumas epístolas de Paulo.

... Homens falaram... Movidos... no grego o verbo é “phero”, isto é, conduzidos.  Eles foram conduzidos pelo Espírito Santo, apesar de usarem palavras humanas.
            Alguns estudiosos fazem dessa inspiração algo verbal, isto é, palavra por palavra. Naturalmente as palavras são os nossos veículos de expressão, pelo qualquer interpretação dever ser verbal em algum sentido.

Falaram – os profetas primeiramente proferiram vocalmente, sua mensagem. Então isso era reduzido à forma de escrita tornando-se Escritura Sagrada.

...Da parte de Deus... – supomos que o autor inclui aqui a totalidade do A.T., embora ele concentre a atenção sobre a tradição profética, dentro das Escrituras.

...Pelo Espírito Santo... – o Espírito de Deus é o agente impulsionador. Ele é a origem do impulso, do motivo, do pensamento, do desejo de escrever e do caráter que foi escrito.

I- Observações:
1- a questão da inspiração concerne àqueles que tomam o cânon (canônico= a nossa Bíblia; Deuterocanônico= Bíblia Católica e Apócrifos= são livros comuns sem ser inspirado) cristão como Escritura. Trata-se, portanto, de uma exigência teológica a reflexão sobre o conceito de inspiração.
2- a questão da inspiração está além das possibilidades da pesquisa científica - Trata-se de um dado de fé; logo, deve ser assumida enquanto dado de fé.
3- não obstante consistir em dado de fé (a inspiração), a questão da inspiração deve ser objeto de reflexão, a partir do princípio segundo o qual "a fé e a razão aliam-se no conhecimento verdadeiro".
4- fatores complicadores: a) a expressão "toda" em 2ª Timóteo 3.16 indica uma grandeza indistinguível, não necessariamente idêntica ao cânon; b) a expressão "homens" em 2ª Pedro 1.20,21 é uma expressão também indistinguível. Deve-se ter em mente durante a tentativa de reflexão sobre inspiração o fato de que a formação do cânon não consiste nunca dado bíblico, mas antes pertinente à História da Igreja - logo, não necessariamente implícito naquelas expressões.

II- Assumindo o pressuposto teológico (de fé) de que as Escrituras Cristãs são inspiradas, resta agora pelo significado dessa afirmação - o que significa dizer que as Escrituras são inspiradas?

III- Pressupostos básicos de 2ª Pedro 1.20,21 a serem considerados:

a) os homens falaram
b) falaram movidos (= impelidos, inspirados) pelo Espírito Santo
c) isso que falaram é a profecia
d) a (essa) profecia não foi produzida por vontade humana
e) não há interpretações particulares da (dessa) profecia.
Antes de prosseguirmos nos nossos estudos teológicos iremos falar rapidamente sobre algumas teorias da Inspiração mais usual, são elas:

1- Inspiração Verbal - Cada palavra da Bíblia foi soprada por Deus.

2- Inspiração Plenária - A Bíblia em todas as suas partes é inspirada. Em decorrência da primeira teoria.

3- Inspiração Parcial - Algumas partes da Escritura recebeu inspiração e outras não receberam.

4- Inspiração Dinâmica - Deus escolheu a capacitar determinados homens para a comunicação e registro da Sua vontade. Deus concedeu a eles os pensamentos e guiou-os no relato da mensagem divina, mas eles ficaram livres para escolher e usar as sua próprias palavras.

Alguns textos base para a Inspiração:

No Primeiro Testamento (textos veterotestamentários): 2º Samuel 23.2; Salmos 119.89; Isaías 40.8.

No Segundo Testamento (textos neotestamentários): João 14.26; João 16.13; 1ª Coríntios 14.37; Apocalipse 22.6-10.

Agora chegamos ao cisma, ao ponto vital de nossa discussão.



CRITÉRIOS TEOLÓGICOS E LITERÁRIOS PARA 
A LEITURA DA BÍBLIA

As Sagradas Escrituras têm as suas próprias exigências. Quando pegamos e a lemos como um livro sagrado, estabelecemos um CRITÉRIO, critério esse que se chama METAFÍSICO (conhecimento das causas primeiras e dos primeiros princípios) e usamos esse Critério Metafísico para a interpretação. Mas o que é Metafísico? Metafísico tem a ver com o que o sagrado se constata nas  Escrituras, se relacionando com a Inspiração Bíblica. O critério metafísico já está aí a posteriori (o que vem depois), isto é, só está aí porque já admitimos, a priori (o que vem antes), que a Bíblia seja inspirada por Deus. Entretanto, a crença na inspiração da Bíblia, que é o ato de fé e é que exige dos crentes a se aproximarem da Bíblia com critérios. Mas o que é se aproximar da BÍBLIA com critérios?
Significa ler as Escrituras a partir de uma compreensão prévia (entender como o texto diz, ou seja, qualquer leigo pode ler as Escrituras e entender o que ela diz) da relação entre o processo da Inspiração e o resultado da Inspiração.
Porém, não existe somente o CRITÉRIO METAFÍSICO, existe também um outro critério que quando nós a lemos estabelecemos, esse critério se chama LITERÁRIO. O que é Critério Literário? Critério Literário é quando entendemos que as Escrituras tem textos literários. Ta Bíblia, expressão grega onde se deriva a expressão Bíblia que significa livros. Uma parte das Escrituras são textos literários (66 avos).
O critério metafísico é uma imposição da fé, e o critério literário é uma imposição da estrutura literária das Escrituras. O Metafísico apenas os crentes se submete, ao passo que no literário todos os leitores.
É de suma os crentes respeitarem o critério literário, pois este critério é resultante também da interpretação das Escrituras. E é por esse critério que vamos definir a cultura, costume, tradição entre outras questões onde o critério literário entra em ação e dependendo de como o leitor observa o texto sua interpretação sairá equivocada.
É de responsabilidade dos professores, líderes que ensinam na igreja, avisar, ensinar os leitores da Bíblia que existem esses CRITÉRIOS, pois quando o leitor não sabem disso, assumem inconscientemente os critérios que já estão inculcados pela comunidade cristã ao qual ele está inserido. As vezes sabemos que a comunidade cristã nem sempre está correta nas suas interpretações (exemplo do sumo-sacerdote com a corda amarrada em sua cintura). As vezes o que a comunidade oferece para nós é muito superficial, nem sempre é culpa dela mesma, entretanto é bom sabermos que cada leitor tem a responsabilidade de ler, entender, interpretar, todos nós temos essas responsabilidades, se todos entendesse isso não haveria tantas discrepância em nosso meio. O que queremos dizer quando afirmamos que a comunidade cristã inculca Critérios inconsciente? Não queremos dizer que a comunidade não têm critérios para a interpretação, entretanto quando o crente lê as Sagradas Escrituras lembra do ensinamento outrora passado pelo líder eclesiástico, ou um pregador de fora, ou até mesmo de um professor, e instantaneamente ele já faz jus a essa  interpretação sem ao menos questioná-las. Logo, quem está lendo não é o "leitor", mas sim a comunidade que está lendo para ele. Como isso é possível? Simplesmente pelo fato dele receber as interpretações e aplicá-las ao texto quando lê-los. Ele faz isso muitas vezes sem querer justamente porque não conhece estes critérios supracitados acima.
Todos nós somos tendenciosos a fazer uma interpretação inconsciente, sem ao menos procurar o seu real significado. Porque? Por que o homem é produto do meio, como assim? Ele sofre influências, a priori, e a posteriori, a priori, quando até mesmo ele se encontra no ventre de sua mãe, quando criança até ele obter o seu senso crítico, e a posteriori, também quando ele está adulto ele recebe influência do seu pastor, do seu professor entre outros todos nós, todos, recebemos influências boas e más. E na interpretação da Bíblia a mesma coisa acontece, não interpretamos a Bíblia como os crentes de 50 anos atrás interpretavam, quem dirá do início do século I. É bem difícil discordarmos de pessoas, ícones, líderes de que gostamos e de que temos uma afinidade, nem se quer conferimos o que ele está dizendo, deixamos passar e quando ele erra nem notamos justamente por causa da afinidade que temos, entretanto os bereianos não eram assim. Temos que ter o senso crítico em tudo que ouvimos, e que lemos, crítico aqui não é falar mal, mas sim de uma análise justa e correta.
Mas uma vez que as Escrituras é recebida como palavra de Deus, os critérios recebem uma classificação de sacralidade, uma natural sacralidade. Que ao receberem os critérios inconsciente, recebe a interpretação inconscientemente, sendo assim confundem tradição com revelação, se identificar teologia com Palavra de Deus.
Conclusão:
Católicos, protestantes, ortodoxos, progressistas, moderados, fundamentalistas, tradicionais, carismáticos, neo-ortodoxos, liberais, teólogos da libertação, todos interagem com a tradição. Todos identificaram os critérios metafísicos e literários para a leitura bíblica. Tomaram posições existenciais face a esses critérios, e leem segundo esses pressupostos, não podia e nem pode ser diferente disso.
Leitura bíblica só se dá a posteriori, os pressupostos vem sempre na frente, sabíamos ou não de sua existência, reconheçamo-los ou não, lá estão eles, determinando a maneira como lemos as Escrituras e a forma como a interpretamos. Nossa compreensão da Bíblia é consequência de nossos pressupostos teológicos.
Antes de entrarmos diretamente para as teorias vamos explicar o que é Inspiração e o que é Revelação.
Os dois são muito contundidos entre as pessoas, entretanto há uma distinção entre eles. Inspiração tem a ver com o processo, diz respeito à forma como os homens foram movidos. A inspiração faz a seguinte pergunta ao texto: Como o Espírito Santo moveu esses homens?
A Revelação diz respeito ao conteúdo pragmático (que toma o valor prático como critério da verdade) das Escrituras em relação ao Sagrado. A pergunta que a Revelação faz é: O que esses homens disseram da parte de Deus?


As três teorias:


TEORIA DA INSPIRAÇÃO PROPOSICIONAL DIRETA; TEORIA DA INSPIRAÇÃO PROPOSICIONAL INDIRETA E TEORIA DA INSPIRAÇÃO CÓSMICO-HISTÓRICA.

Aqui há duas teorias que são proposicionais, a teoria direta e a indireta e a cósmico-histórica ela não é proposicional. O que é proposição? Ação de propor, de submeter à apreciação ou a exame; proposta. 
A forma proposicional pressupõe que a revelação de Deus se tenha dado por meio de proposições. Deus diz e o homem ouve. Entendem que os escritores bíblicos registram rigorosamente as declarações de Iahweh. Iahweh tanto age no meio do seu povo, quanto fala, Iahweh manifesta-se, julga, clama, proclama. Iahweh é um Deus falante. E o processo de inspiração seria a infusão dessas palavras de Iahweh através da boca do profeta.
As duas descrições do critério formal traz problemas sérios. A forma não proposicional remete ao leitor a relativizar todas as declarações das Escrituras que se refiram a Iahweh. E a solução é uma leitura fenomenológica, tratar como fenômenos os testemunhos. A proposicional tem um outro problema remete ao leitor a problemas filosóficos relacionados à possibilidade de interação entre homem e Deus. Uma vez que a linguagem é um produto humano e por ser um produto humano não conseguiria alcançar algo que é eterno.


A PALAVRA É DE DEUS, MAS A COMPREENSÃO, ESSA É HUMANA,
            DEMASIADAMENTE HUMANA.

Há também um outro critério, acima foi exposto o critério da forma, agora é o critério a respeito do material. Como assim material? O critério material da inspiração bíblica diz respeito à participação humana na elaboração do conteúdo da revelação. Mais precisamente, no registro dessa revelação. Aqui há dois grandes problemas.
1- De que forma o homem participa da Inspiração?
2- De que forma o homem se manifesta no registro da Revelação?
São duas perguntas difíceis de responder, entretanto iremos dá uma introdução do assunto.
O primeiro problema diz respeito de como o homem lhe dá com a vida, com o universo, é o homem como ente hermenêutico. Desde o seu nascimento, criação, sua maturidade, idade da razão, o homem interpreta os estímulos advindos da vida e do universo. O mundo é para o homem àquilo que o homem interpreta.
O homem deixa de ser ente hermenêutico quando se encontra com uma hierofania? E a sua qualidade de ente hermenêutico é suspensa por ocasião bíblica?
Se respondermos que SIM. Significa concluir que a Inspiração descaracteriza o homem sendo assim perderíamos as referências humanas das Escrituras.
Se respondermos que NÃO. Significa admitir, que o registro da Revelação passa pela sua estrutura hermenêutica intrínseca. Isso significa que a Palavra de Deus se nos apresenta confirmada às palavras do escritor bíblico inspirado.
A definição clássica de hierofania nos apresenta uma intervenção com o sagrado no cosmo: o Absoluto Metafísico invade um momento em um espaço específicos do Mundo Físico. O Sobrenatural irrompe no Natural.
O sagrado, então, manifesta-se num mundo a que o homem tem acesso de forma hermenêutica.
Já a forma não proposicional não reconhece uma revelação por meio de proposições, mas entende que Deus se tenha manifestado por meio de intervenções na História.
Os teóricos da não proposicional (TICH) deve ter em mente que os escritores bíblicos registraram suas experiências com Deus na forma de diálogos. Suas visões, seus sonhos, as hierofanias de que participaram tornam-se objetos de descrições teológicas. Essa teoria consiste em que a Inspiração Bíblica, o Espírito Santo teria movido os escritores bíblicos a registrarem suas impressões acerca de suas experiências com o Sagrado e suas interpretações da ações de Iahweh no meio de seu povo, mas não lhes dirigiu nesse processo. A Inspiração consiste no impulso hermenêutico. O Espírito Santo teria movido os homens a falarem da parte de Deus, mas não teria controlado o que eles diziam.
2- E de que forma o homem manifesta-se no registro da revelação? Como não poderia de ser de outro modo, manifesta-se de forma integral. A hierofania em si mesma, é uma revelação.
Devemos ter em mente que a linguagem é o instrumento hermenêutico por excelência. A linguagem humana carrega em sim a máxima caracterização hermenêutica de sua humanidade.
O registro da Revelação está impregnado inexoravelmente da interpretação humana.

PALAVRAS DE DEUS SOB PALAVRAS HUMANAS.
PALAVRAS HUMANAS CARREGADAS DE PALAVRA DE DEUS.


TEORIA DA INSPIRAÇÃO PROPOSICIONAL DIRETA 
(TIPD)

Essa teoria pressupõe que Deus não só tenha se revelado de forma proposicional, mas o fez sem que o homem tivesse qualquer participação no conteúdo registrado da revelação.
A TIPD é amiúde (repetidas vezes, frequentemente) referida como teoria do ditado verbal, i é, Deus teria ditado os textos bíblicos para os escritores da Bíblia, os quais teriam registrado tudo rigorosamente e exatamente conforme o Espírito Santo determinara.
Os teóricos da inspiração proposicional direta geralmente advogam teorias da Revelação Plenária(assembleia geral, indulgência), segundo a qual cada letra, frase e palavra das Escrituras nasceram na mente de Deus, foram pronunciadas por Ele e registradas fielmente pelos escritores.
Seja como for, a característica principal da TIPD é o conceito de Inspiração Proposicional sem interferência humana no registro do seu conteúdo da Revelação.
Sendo assim gera um agravante de encurvadura maior. Devemos concluir que a Revelação perde sua fundamentação histórica. Porque? Por não haver um referencial hermenêutico humano, já que o homem não tem participação alguma. O homem inspirado não é um homem presente, não é o homem que fala, mas simplesmente há uma máquina de escrever, ou um computador que você escreve sem ter interrupções.
O teórico desta teoria não admite que Deus se tenha revelado através de palavras humanas, pois saberia que depois que tivesse separar palavras humanas das Palavras de Deus não iriam conseguir separá-las. Entretanto, a Revelação só pode ter-se dado por INSPIRAÇÃO PROPOSICIONAL DIRETA - e, com isso, quer ele dizer: sem qualquer mínima participação humana.
É interessante o conflito que o teólogo desta teoria tem que enfrentar todos os dias de sua vida, por não admitir que o homem não tenha influenciado com sua cultura, costumes, tradições, e que principalmente tenha usado palavras humanas. Pois, para esse teórico a palavra de Deus está absolutamente isenta de contágio humano. É-lhe inconcebível, por pressupostos espirituais, que Deus possa revelar-se na humanidade, e que as Palavras de Deus deixem-se carregar de humanidade (se Deus criou todas as coisas as "palavras" não seria algo criado por Ele?). Deus é um Deus deísta (Um Deus que fez o homem, mas que não relaciona com a humanidade). Por isso a Inspiração Direta não pode pressupor a participação humana. Entretanto, como o teólogo desta teoria explicará o fato de Jesus Cristo ter-se tornado carne e habitado entre nós e mais de ter usado palavras humanas demasiadamente humanas carregadas ao extremo de humanidade. Há uma incoerência da parte deles, pois Jesus se encarnou em forma de homem, el não só usou palavras, mas foi o Verbo de Deus. O Homem humano não um suprahomem um aeon, mas veio a esse mundo de homem, se relacionou com o homem, vestiu roupas de homens, foi gerado pelo Espírito Santo, mas saiu do ventre de uma mulher (homem), comeu, sofreu, teve sentimentos, ira, amor, paixão, raiva, teve sentimentos que só os homens possui e principalmente MORREU E RESSUSCITOU somente o homem pode morrer, somente o imortal experimenta prova o sabor amargo da morte.

A Palavra de Deus, para falar ao homem, tem que ser, antes de tudo, palavra do homem. Assim como Deus, para achegar-se ao homem, fez-se Filho do Homem.


TEORIA DA INSPIRAÇÃO PROPOSICIONAL INDIRETA (TIPI)

Antes de darmos início há um fator aqui preponderante. A TIPI é uma teoria intermediária. A TIPD tem absoluta ojeriza a questão da participação humana no conteúdo da Palavra de Deus, e a Teoria da Inspiração Cósmico-Histórica "irradia" no conteúdo da Palavra de Deus a hipótese de ter interferência humana. As duas teorias são extremistas, de um lado uma considera que Deus ditou tudo e não teve participação humana e por outro lado a participação humana é imiscuída (misturar-se), isentando a Inspiração, mas dessa teoria falaremos adiante.
A TIPI ela é um meio termo entre as duas, é um balanceamento entre a Palavra Divina e entre a parte Humana do texto. Ela se equivale destas duas teorias e tenta tirar uma conclusão mais maleável.
Mas é sempre bom lembrar que é uma TEORIA, como o próprio nome já diz. E por ser uma TEORIA há falhas, erros, pontos fracos e fortes.
Imaginemos, pois em um dado momento que Deus se revele e fale. E o que Deus falou neste momento deve ser registrado pelo homem, mas esse registro de ser feito por palavras deste homem.
O caráter proposicional da Revelação é mantido, mas restrito a temas. Deus não dita palavra a palavra o conteúdo do texto ou da profecia. Deus fala ao escritor bíblico inspirado o tema, a essência, a ideia, o núcleo, ou por qualquer outro nome que quisermos inserir. O homem então inspirado pelo Espírito Santo, mas com o curso livre de toda a sua bagagem histórico-cultural desenvolve o tema. O escritor desenvolve o tema inspirado por Deus a partir de sua circunstância histórica.
Exemplo:
Deus inspira o escritor a escrever sobre A sua graça. É um tema que Deus o revela, porém a forma que ele vai escrever o texto se é prosa, poesia, e as palavras com que está descrito, conotativo ou denotativo, tudo isso fica a cargo do autor. Veja bem Deus revelou o Tema que é A sua graça e Deus o inspira a escrever, mas ele escreve livremente, o autor não se preocupa em escrever um ditado, como criança quando está aprendendo a escrever sua professora faz um ditado e o aluno tem que escrever a mesma coisa que a professora está ditando seguindo vírgula, pontos, traços e toda a regra que a professora quiser colocar.
O que o teólogo desta teoria quer? Ele quer uma Palavra de Deus carregada de humanidade.
Ele não abre mão da crença inalienável na Revelação de verdades divinas absolutas.
Aprouve ao Sagrado utilizar-se do homem e de sua linguagem para Revelar-se de forma especial, proposicional, o SAGRADO, então, utilizou-se de homens. Não somente da mão, mas do homem que ele mesmo criara: mente e corpo. O homem inspirado  não é um homem acéfalo (sem dirigentes, animal que não tem cabeça, as ostras por exemplo). Ele pensa. Ele interagir como o conteúdo registrado.
Mas o teórico desta tem um serviço perigoso e uma delicada tarefa que não é nada fácil, ele precisa identificar nas palavras humanas o núcleo, o tema, a ideia a essência divina absoluta: o que ali é o tema, o que são forma e meio? Ou seja o teórico é que julga o que é inspirado ou não.
E nesse conflito, o teólogo proposicional indireto toma uma decisão: 1- tudo é divino e absoluto: e eis nosso teólogo proposicional indireto retornando às suas origens e assumindo sua convicção pessoal de teólogo proposicional direto. 2- tudo é humano e relativo: e eis o nosso teólogo tendendo a teoria da inspiração Cósmico-Histórico.
Parece-nos que a distinção entre as Palavras de Deus e as palavras dos homens nas Escrituras é uma tarefa inviável. Como inviável se torna a dissecação do humano e do divino na pessoa de Jesus de Nazaré. A igreja reconhece na figura de Jesus a sublime confusão entre o divino e o humano: "o Verbo se fez carne e habitou entre nós".
E como haveis de separar o divino do humano em Jesus de Nazaré? O crente reconhece Jesus como a encarnação de Deus. Mas, quando tem de falar sobre ele, ou fala do Homem Jesus, ou do Deus Cristo. Quando fala do Homem Jesus, transforma o humano no divino, porque este Homem é Deus. E quando fala no Deus Cristo, transforma o divino no humano, porque esse Deus é Homem. Não há mais como separar as duas essências depois que Deus as unificou em Cristo Jesus. Em que pese a necessidade imperiosa (irresistível necessidade) da pesquisa a respeito do Jesus histórico, para o crente, o Cristo da fé é tanto Cristo quanto Jesus, ou seja, tanto Deus quanto homem.
Portanto, a tarefa deste teólogo é impossível de ser realizada. O divino está entranhado de humanidade, assim como o homem está entranhado de divindade, quando o que temos em foco é o registro da Revelação das Escrituras, mediante a Inspiração.

Resta-nos analisarmos em que sentido podemos conceber uma Palavra de Deus que, justamente por ser de Deus, precisa ser necessariamente humana.



TEORIA DA INSPIRAÇÃO CÓSMICO-HISTÓRICA 
(TICH)

O teólogo cósmico-histórico em primeiro lugar está inteirado da leitura fenomenológica da hierofania. Sua teologia parte da afirmação de que o sagrado se manifesta e porque tem interesses nos homens.
Mas como o teólogo cósmico-histórico vai certificar que o seu testemunho é de Deus. Simplesmente ele não tem como saber. Ele não tem como saber se o testemunho daquele homem não é fruto de uma alucinação ou uma disfunção de sua mente. Logo, ele assume fenomenologicamente o testemunho, e constrói um outro elemento de sua TEORIA: 1- o sagrado se manifesta. 2- a apreensão do Sagrado se dá hermeneuticamente. 3- o testemunho se recebe fenomenologicamente.
O que diz esse teórico a respeito à participação humana no registro do conteúdo da revelação? Ele diz que é integral e completa. O escritor bíblico inspirado apropria-se da Revelação de Deus mediante o concurso de todas as suas mais íntimas faculdades.
Exemplos: Uma pessoa está em qualquer lugar e de repente ele tropeça em uma pedra. Daí em diante ele vai formular esse fenômeno. Deus quer me falar alguma coisa sobre esse evento ocorrido. Onde ele se faz várias perguntas: o que Deus quer me dizer? O que Deus quer? O que eu posso tirar de proveitoso? E várias interrogações surgem em sua mente finita a respeito do Infinito e do Eterno.
O problema a ser questionado é que ele é quem vai julgar a Revelação, ele vai lhe dar com o fenômeno como sendo Revelado ou não.

O teólogo cósmico-histórico acredita que a primeira encarnação de Deus se dá na Palavra. Para ele o Verbo se fez carne há mais tempo do que dois mil anos. Até que se fez em Cristo, plenamente Homem.

A manifestação de Deus é seu obumbramento (ocultar, tornar pouco acessível disfarçar). Hierofania é silêncio.

O modo que esse teólogo encara a hierofania é de modo fenomenologicamente, todo sua experiência empírica é dada historicamente. Ele tem sempre vontade de buscar de Deus algo diferente, nunca se contenta com o que lhe foi Revelado.



SUBSÍDIO TEOLÓGICO ACERCA DA INSPIRAÇÃO

A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS

1- Foi mais que provado que o Novo Testamento é uma fonte que transcendeu a história. O N.T. Não é simplesmente uma literatura cristã.

2- Embora 2ª Tim. 3.16 necessariamente tenha haver com o A.T., podemos afirmar que espiritualmente, e logicamente tais declarações deve aplicar-se aos textos neotestamentários.

3 Indicações no N.T. Se sua inspiração:

a) As palavras de Jesus predita por Ele tem um peso igual ou maior que o A.T. 1ª Timóteo 6.3.
b) Em vista que Paulo nunca reivindicasse seus escritos, como coleção, foram inspiradas, certamente reivindica que as distintas doutrina cristãs que formam o coração da mensagem das cartas, foram dadas por inspiração. Gálatas 11.12; 2ª Coríntios 12.1.

c) O escritor de Apocalipse reconhece (Apocalipse 1.3; 22.19) que havia um cânon em andamento, e ele propriamente quer que a sua carta entre nesse cânon.

d) As cartas de Paulo em um tempo muito remoto já eram consideradas autoritárias como Escritura 2ª Pedro 3.16.

4- O N.T. é a sua própria autenticação. Como uma coleção, representa a maior literatura de todos os tempos. A história o atesta. Tem sido traduzido em mais de 1000 idiomas e tem sido a força atrás de muitas vidas transformadas.

5- A natureza da inspiração tem sido muito discutida. Sugerimos as seguintes sugestões:

Qualquer inspiração deve ser verbal, pois o pensamento humano se expressa primeiramente verbalmente.

Alguns trechos do N.T. foram dados em visões extáticas e podem ser considerados ditados (Romanos 8; Efésios 1; I Coríntios 13,15.)

Os ensinos de Jesus devem ser considerados na categoria de textos extáticos (absorto, enlevado, pasmado, perplexo, boquiaberto...) como joias de valor incalculável.

As revelações podem se dar em níveis diferentes, usando, ou transcendendo a condição humana. A inspiração pode ser dramática ou sutil. Pode ser imediata ou o fruto de muito tempo de direção e desenvolvimento espiritual. Exemplo é a carta de Tiago, ele não é de natureza extática, mas sim de natureza de sabedoria desenvolvida por muitos anos.

A revelação pode transcender a realização verbal do escritor, ou, como é evidente em muitos casos, pode usar o fundo cerebral do autor.

Nos Evangelhos Sinópticos pode ser observado que os escritores nem sempre foram cuidadosos em agrupar os mesmos ensinos de Jesus, com os mesmos acontecimentos históricos.

6- Inspiração é uma espada de dois gumes: está no livro e estar no leitor do livro. As pessoas que leem as Escrituras sentem algo inspirado por Deus.

7- O grande problema não é, portanto, se as Escrituras são inspiradas ou não. Isto aceitamos como fato provado, histórica, espiritual e experimentalmente. O problema envolve nosso uso das Escrituras, até que ponto temos permitido que os documentos divinos nos transformem a imagem de Cristo? Seremos julgados segundo o nosso uso ou abuso desta Revelação.


 BIBLIOGRAFIA

ANTIGO TESTAMENTO:

Introdução ao Antigo Testamento SCHMIDT, Werner H. Ed. Sinodal e Faculdades Est

O Pentateuco HOFF, Paul; Ed. Vida


APOSTILAS:

Apostila Critérios Teológicos e Literários Para a Leitura da Bíblia LUIZ, Dr. Osvaldo Ribeiro. (Texto Base)

Apostila de Hermenêutica Professor Franklin Ferreira Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil 1999


COMENTÁRIOS:

Comentário do Novo Testamento Esperança Segunda Carta de Pedro Uwe Holmer; Ed. Evangélica Esperança

Comentário do Novo Testamento Esperança Cartas a Timóteo Hans Burki; Ed. Evangélica Esperança

O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo Ph. D. CHAMPLIN R. N. Volume 5, Ed. Hagnos

O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo Ph. D. CHAMPLIN R. N. Volume 6, Ed. Hagnos


DICIONÁRIO:

Dicionário Teológico Um Suplemento Biográfico dos Grandes Teólogos e Pensadores CÔRREA, Claudionor, de Andrade; ED. CPAD


NOVO TESTAMENTO:

Qual o Texto Original do Novo Testamento PICKERING, Dr. Gilberto

Panorama do Novo Testamento GUNDRY, Robert H. Ed. Vida Nova


TEOLOGIA:

Introdução Bíblica Como a Bíblia chegou Até Nós Norman L. Geisler e William E. Nix Ed. Vida

Teologia Moderna e Crítica da Bíblia C. S. Lewis


TEOLOGIA SISTEMÁTICA:

Teologia Sistemática FINNEY, Charles; Ed. CPAD.

Teologia Sistemática GRUDEM, Wayne; Ed. Vida Nova.

Teologia Sistemática  BERKHF, Louis; Ed. Cultura Cristã


Teologia Sistemática CHEUNG, Vincent.

3 comentários:

  1. Muito interessante e novo também, não tinha visto isto antes. Varão libera esse conhecimento retido no "HD".

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