A INSPIRAÇÃO E A REVELAÇÃO DAS ESCRITURAS
Bem sabemos que a Bíblia foi inspirada
por Deus e que todo seu conteúdo no que diz respeito ao espiritual e o no que
tange ao histórico (geografia, história, arqueologia entre outros). Mas há quem
diga que a Bíblia só é inspirada na parte espiritual do texto e que ela foge um
pouco da parte histórico. Sabemos claramente que a Bíblia é infalível e é
inerrante no que diz respeito à sua Autoridade, como sendo divina. Como pode
então um Deus inspirar seus filhos a escreverem e estes mesmos errarem e pior
fazer inserções nos textos colocando inverdades cujo ao qual podem comprometer
toda autoridade bíblica. Claro que isso seria uma incoerência da parte dos
escritores, uma falta de respeito para com os leitores e uma falta de temor
para com a sua crença.
Uma das maiores prova do amor de Deus
para com a sua humanidade foi ter deixado a Bíblia em nossas mãos. Criada em um
mundo oriental onde foi usadas figuras e linguagens típicas e bem peculiares da
sua região, língua e cultura a Bíblia serve para todos os povos, nações e
épocas até porque ela é transcultural.
A Bíblia contém 66 livros escritos por
40 autores em datas e lugares diferentes que pendura cerca de 1500 anos. Nela
se desenvolve um único tema, a saber:
A Redenção do Homem.
O tema se divide assim:
1- O Primeiro Testamento: a preparação do
Redentor.
2- Os Evangelhos: a manifestação do
Redentor.
3- Os Atos: a proclamação da
mensagem do Redentor.
4- As Epístolas: a explicação da obra
do Redentor.
5- O Apocalipse: a consumação da obra
do Redentor.
Com exceções de algumas partes do AT, o
AT dedica-se ao trato de Deus com o seu povo escolhido. Deus elegeu o povo
hebreu com três finalidades: a) ser depositário de sua
Palavra; b) ser a testemunha do único Deus verdadeiro perante as nações e c)
ser o meio pelo qual viesse o Redentor
A BÍBLIA DE DEUS A NÓS
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Os pensamentos na mente de YHVH - DEUS
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· REVELAÇÃO
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Os pensamentos na mente do autor humano
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· INSPIRAÇÃO
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Estes pensamentos em forma de escrita
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· CANONIZAÇÃO
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A coleção destes escritos num livro - TA BÍBLIA
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· PRESERVAÇÃO DOS AUTÓGRAFOS
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Cópias e traduções deste livro
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· ILUMINAÇÃO/INTERPRETAÇÃO
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Os pensamentos de Deus em nós hoje
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Acreditamos que os primeiros textos, autógrafos (autógrafos - sabemos
que a duração dos autógrafos não eram longas sua durabilidade era mais ou menos
cerca de 100 anos. É bem possível que a partir do ano 100 d.C. foram feitas
muitas cópias destes textos e se tivessem alguma dúvida tinha como se reportar
aos textos autógrafos. Quem fez as próprias cópias foram os detentores dos
autógrafos para o resto do mundo cristão da época. Logo, os redatores eram
fiéis em suas cópias, pois havia muita pressão neles porque ainda tinha como
consultar o original. Entretanto, o fator da distância influenciava muito ao
acesso dos originais, exemplo, para o Norte da África obter acesso aos
originais de Efésios sairia muito dispendioso em termos de dinheiro, tempo sem
contar com a parte geográfica que piorava mais ainda a situação. Logo,
presumimos que as cópias eram bem próximas aos originais. Quem detinha então os
autógrafos? A Ásia Menor continha os seguintes autógrafos: João, Gálatas,
Efésios, Colossenses, 1ª e 2ª Timóteo, Filemon, 1ª Pedro, 1ª, 2ª e 3ª João e
Apocalipse totalizando 12; a Grécia tinha 6: 1ª e 2ª Coríntios, Filipenses, 1ª
e 2ª Tessalonicenses, e Tito em Creta; Roma tinha 2: Marcos e Romanos; quanto
os outros Lucas, Atos e 2ª Pedro provavelmente estava na Ásia Menor ou Roma;
Mateus e Tiago na Ásia Menor ou Jerusalém (Jerusalém é conhecida também por
Palestina, mas esse não é o termo correto, a Bíblia não fala em lugar nenhum
sobre isso, Hebreus em Roma ou Jerusalém; e Judas de repente
na Ásia Menor. Considerando a Ásia Menor e Grécia juntas, a região de Egéia
detinha a maior parte dos autógrafos pelo menos 18, ou até mesmo 24 dos 27
manuscritos neotestamentários), foram perdidos e o que temos hoje são cópias
das cópias e nestas cópias podem conter erros de ortografia, de grafia, entre
outros e podem acontecer também erros sem propósitos como um pingo da tinta
cair na letra hebraica Veit e virar Beit (o pingo pode ocasionar essa troca,
pois pode virar um daguesh) entre outros, não sabemos o certo, mas no que tange
a totalidade dos Escritos Sagrados todos, todos eles foram soprados por Deus.
No Antigo Testamento funciona mais ou
menos da mesma maneira, o AT é composto pela Bíblia Hebraica que nós chamamos
de TENAK composto pelas siglas TNK que contém as seguintes divisões:
T - TORA - PENTATEUCO - LEI (o livro em 5 volumes
que vem da versão grega e remonta ao século III antes de Cristo, chamados pelos
judeus como a Lei de Moisés, por ter escrito os livros): Gênesis - Deuteronômio
N - NEBIIN (PROFETAS): HISTÓRICOS: Josué -
Reis
K - KETUBIM (SAGRADAS
"ESCRITURAS"): Restantes, como Salmos
e o Livro de Jó
A ESTRUTURA DO
ANTIGO TESTAMENTO (HEBRAICO)
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Nome:
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Conteúdo
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Provável fixação
"canonização"
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Tora
"Instrução"
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"Pentateuco"
Gênesis, Êxodo, Levítico. Números, Deuteronômio.
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Século V/IV a.C. Samaritanos
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Nebiin
"Profetas"
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"Profetas anteriores"
Josué, Juízes, I-II Samuel, I-II Reis.
"Profetas posteriores"
Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oseias, Joel, Amós, Obadias, Jonas,
Miqueias, Num, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
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Século III a.C.
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Ketubim
"Escritos"
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Salmos, Jó, Provérbios
5 Megillot ("rolos"
das 5 festas anuais): Rute, Cantares, Eclesiastes, Lamentações, Ester, Daniel
Obra Historiográfica Cronista -Esdras, Neemias e
I-II Crônicas.
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100 d.C.
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Mas o nosso propósito aqui é estudarmos
as três teorias da inspiração, a saber: Teoria da Inspiração
Proposicional Direta, Teoria da Inspiração Proposicional Indireta e Teoria da
Inspiração Cósmico-Histórica. Certo que precisaríamos de um semestre pelos menos
para explicar tudo o que essas teorias levam em conta, mas seremos bem
específicos e diretos para entendermos como os principais estudos chegaram a
conclusões de certos estudos sobre inspiração.
Antes de começarmos analisemos o
pressuposto básico de 2ª Timóteo 3.16 e depois iremos mais profundo.
"Toda Escritura é divinamente inspirada (ou soprada)..."
O termo INSPIRADA:
A palavra "inspirada" aqui alocada, no
original se encontra um pouco diferente, entretanto tem quase o mesmo
significado.
O termo empregado aqui vem do grego THEOPNEUSTOS significa EXPIRAÇÃO, soprar para
fora e não inspiração, soprar para dentro,
logo, então o porque da NVI trazer em sua tradução "SOPRADA POR DEUS
".Mas o termo inspiração é uma palavra teológica e é aceitável, mas o
termo não consegue exprimir o verdadeiro sentido da Escritura.
Quando nos referimos que a "Escritura é
soprada por Deus" nos referimos a sua
origem divina. Tudo que há na Escritura parte da vontade de Deus logo, podemos
afirmar que a "Bíblia é a Palavra
de Deus". Esta é a Doutrina da Inspiração Divina.
As traduções são variadas a respeito
desse versículo, a saber:
"Toda a Escritura é dada por
inspiração de Deus"; "Toda a Escritura que é inspirada..." o que nos dá ideia de
que há trechos bíblicos que não são inspirados; "... Cada
Escritura...", dando a ideia de "cada passagem
bíblica". O problema é que falta
no original grego um artigo definido o que poderia se referir as expressões "Escrituras" e "escritos",
logo este versículo poderia significar "cada escrito que
é inspirado por Deus", que acaba diferenciado
de outros escritos apócrifos. Entretanto geralmente no grego helenístico ou no
neotestamentário não são seguidas as regras gramaticais estritas e absolutas, e
que a presença ou a ausência do artigo definido nem sempre é significativo (1ª
Pedro 2.6; 2ª Pedro 1.20).
Quando Paulo escreve este texto ele
estava se referindo aos textos veterotestamentários, o NT já estava quase todo
formado ou todo ele e ele sabia exatamente que estava escrevendo impelido pelo
Espírito Santo (1ª Tes. 2.13; 5.20; 2ª Pedro 3.15). De fato o apóstolo de Jesus
recebera um grande ministério em suas mãos e ele tinha escrito por várias vezes
que suas palavras não eram de sofistas, ou de filósofos, ou até mesmo como de
rabinos, fariseus, entre outros, ele mesmo disse que não ensinava com: "sublimidades de
palavras ou sabedoria... a minha linguagem e a minha pregação não consistiram
em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de
poder..." (1ª Cor. 2.1ss) Paulo
expressa todo o caráter de sua pregação e de seu ministério, dando uma ênfase
principalmente que o Espírito Santo é quem o inspira.
Análise exegética e hermenêutica:
pegaremos como texto base a tradução do Comentário do Novo Testamento Esperança
2ª Timóteo, visto que há muitas traduções analisaremos pelo menos duas e delas
faremos um paralelo entre si.
"Toda Escritura é infundida pelo
Espírito de Deus e útil para a doutrina, arguição, restauração, educação na
justiça"
A expressão "toda"
"pasa" no grego - pode se referir a cada, toda, totalmente (Rom. 11.26; Atos
2.36; Efé. 3.15; Col. 4.12 todos esses se referem a todo, toda...).
Escritura - graphe - sem o artigo poderia
ser a seguinte tradução: "toda passagem da Escritura"contudo, "Escritura" sem artigo também pode
significar "as
Escrituras" 1ª Pedro 1.20,21 - Hoti pasa propheteia
graphes: "nenhuma única
profecia da Escritura (toda)" .
A dificuldade era de compreender quais
eram os "livros
sagrados" que deviam ser
inclusos nesse vocábulo, pois nem mesmo o A.T. estava formado no tempo de
Jesus. Entretanto existiam pelo menos 3 Antigos Testamentos naquela época:
1- Os saduceus aceitava somente a Torah.
2- Os fariseus que habitavam dentro de
Jerusalém aceitava somente a Lei, os Salmos e os Profetas.
3- Os judeus da dispersão, aqueles que
moravam fora de Jerusalém aceitava, em adição a isso, 14 livros
deuterocânonicos, 12 dos quais passaram a serem aceitos pela igreja católica
romana por decisão do Concílio de Trento 1545-1563.
Portanto o uso das palavras do NT se
referindo ao AT: "A Escritura
diz:" também pode significar
passagens bíblicas, um dito de Deus (João 19.36ss; 20.9; Atos 1.16; 8.32; Rom.
16.26; 1ª Pedro 2.6). Logo, as duas palavras pasa e graphe têm em comum que
servem para designar tanto o todo por cada passagem específica como o todo em
sua totalidade.
É - infundida pelo Espírito de Deus - no original falta esse
verbo de ligação o que dá uma certa insegurança, mas ocorre mais vezes na
Escritura como por exemplo em 1ª Tim. 1.8,15 e ambos faltam o verbo de ligação.
THEOPNEUSTOS - Ocorrência única. Theos - Deus e Pneustos - soprado (vem de pneuma - o
espírito) ou seja, soprada por Deus. A palavra "inspirada" vem do latim e contém
referência ao espírito (em latim:spiritus) o que se pode confundir com a
palavra "infundida",
por isso se deve explicar que é "infundida pelo
Espírito". A expressão simbólica talvez seja a de Deus a soprar sobre as
escrituras para fazê-las viver, tal como o fez com o homem, o qual se tornou
alma vivente. Ou então as Escrituras podem ser reputadas aqui como o sopro de
Deus, que infunde vida a tudo quanto atinge.
Útil - Do grego "ophelimos" que significa benéfico, vantajoso,
útil. As Escrituras Sagradas
não visa satisfazer a teologia e suas especulações, mas visa a satisfação da
vida humana. A Escritura é útil pode ser usada para uma tarefa, que se desdobra
em quatro partes; como podemos então analisarmos e compararmos as expressões "Toda a
Escritura"; "Soprada por Deus
" e "Útil"? Uma
pergunta intrigante e que vai depender de como iremos analisar a palavra em
grego. O termo grego KAI, pode ser
traduzido de duas maneiras, a saber: "E" e "TAMBÉM".
Mas iremos adotar o "E" para a nossa análise e
também por causa de 1ª Tim. 4.4 que usa esse mesmo termo "tudo o que foi
criado por Deus é bom e útil". Como devemos relacionar a
palavra,theopneustos; aqui não é um adjetivo
que descreve a Escritura: "Escritura
Soprada Por Deus", mas como predicado, como primeira afirmação sobre a
Escritura. 1º Ela é soprada por Deus e 2º é Útil.
A relação de que a Bíblia é inspirada
significa que ela une Espírito e letra, justamente porque o Espírito de Deus a
produziu por meio dos profetas e apóstolos.
Cada
dito de Deus anotado é soprado por Deus, e é por isso que é revestido de autoridade
para a Igreja.
Por ser dada pelo Espírito, a Escritura
possui "validade permanente e eficácia constantemente nova"
Schlalltter, p. 259.
Filo de Alexandria já disseminara a
opinião de que a atividade intelectual humana seria desligada no processo da
inspiração em favor do Espírito divino no profeta.
1- Útil para o ensino do
grego didaskalia - doutrina) aparece em primeiro
lugar no versículo 10; 1ª Tim. 5.20; Tito 1.9-13. É possível que nas passagens
a doutrina receba uma ênfase peculiar porque a heresia se alastra. Em todo o NT
a doutrina sempre aparece no começo, porque é o fundamento da nova vida (Atos
2.42; Efé. 2:20; 2ª Tim. 3.14).
O que significa doutrina? Ela transmite
entendimento para a ligação do agir divino e da instrução divina. (Comentário
do Novo Testamento Esperança).
Logo, a Escritura em si não é doutrina
mais é útil para a doutrina. Precisamente esse é o serviço da Palavra, no qual
o obreiros precisa ser aprovado perante Deus, distribuindo corretamente a
Palavra da Verdade. A partir disso a tarefa principal da teologia é serviço à
Palavra.
2 - Arguição, repreensão do grego elegmos (elegchos) - aparece somente aqui
e em Hebreus 11.1, onde tem o sentido de prova e evidência. Revelação
tanto da culpa como da verdade. Essa palavra também indica a convicção, a
condenação de um criminoso, ou
então reprimenda, punição. O verbo elencho aparece em Tito 1.9,13
tendo o mesmo contexto "exortar pelo
reto ensino como para convencer os que os contradizem", e isso equivale
tanto para falsos mestres como para os crentes (Mateus 18.15; 1ª Cor. 14.24)
todos que pecarem, errarem, tem que ser repreendido na frente de todos, e ele
tem que se mostrar arrependido e mostrar que aceita a reta doutrina. Mas,
arguir não significa deixar uma pessoa no meio de sua vergonha, mas
conduzi-lá a sua confissão e arrependimento, assim ele chegará a sua
restauração.
3 - Restauração do grego
epanorthosis - correção, aprimoramento; mostrar novamente o caminho correto que
foi abandonado, conduzir de volta o pecador. A restauração é um ato
de compaixão, enquanto a arguição pode acontecer de forma resoluta (o que é
firme em seus projetos, ousado, determinado), e até mesmo com rigor, embora que
rigor nem sempre significa ser duro.
4- Educação na justiça do
grego paideia; pedagogia, educação das crianças, criação, treinamento, justiça,
instrução - No tocante a justiça
vem do grego “dikaiosune” indicando o
treinamento naquilo que é reto, na verdade fácil de traduzir pela palavra "treino" hoje recorrente, outro
termo ainda é condicionar
fisicamente. Paideia representa a formação
do ser humano tanto na vida exterior como na interior. Treinar na direção do
aperfeiçoamento, mas não sob a lei, mas sim sob a graça.
2ª Pedro 1.20,21.
"Sabendo primeiramente isto: que
nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia
nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus
falaram movidos pelo Espírito Santo."
1.20
Provém – origina-se. A fonte das Escrituras
inspiradas está aqui particularmente em vista, e não no seu manuseio.
De Particular elucidação (interpretação)
– Um profeta não
produzia sua escritura por seu próprio impulso, e nem por sua própria
interpretação. As Escrituras não provieram por impulso ou de avaliação humana.
Temos outros significados para este versículo:
1- se considerarmos que o termo ginetai significa é e não clareie, então este versículo
pode ser simples declaração de que a interpretação das Escrituras não depende
de compreensão de quem quer que seja.
2- popularmente, o versículo é explicado como se
dissesse que nenhuma passagem das Escrituras pode ser considerada isoladamente
do todo, porquanto a interpretação de qualquer passagem deveria ser feita em
confronto com outras passagens. Isso expressa uma verdade, mas não é isso que
ensina este versículo.
3- este versículo não que dar a entender que os
próprios profetas não sabiam compreender e nem interpretar os seus escritos
inspirados.
4- há outros que pensam que os profetas não podiam
interpretar suas profecias pelo capricho pessoal, fixando a elas, desse modo.
5- naturalmente, o versículo não é contra a
investigação particular das Escrituras, como se nenhuma verdade pudesse ser
revelada ao indivíduo.
6- alguns intérpretes pensam que ipeliseos que geralmente
significa interpretação, mas aqui significa
anulada. Neste caso o significado seria: “Nenhuma profecia da
Escritura pode ser anulada.” Mas mesmo assim é um
sentido duvidoso.
Escritura – o A.T. está em foco,
não havia então o cânon do N.T. Entretanto, o trecho de II Pedro 3.16
mostra-nos que o processo de canonização das Escrituras deveria estar no começo, pois algumas das
epístolas de Paulo eram vistas pelo autor sagrado como escritura, e, muito provavelmente
em pé de igualdade com A.T.
1.21
Foi dada – o autor se refere aos
profetas do A.T., embora seu conceito de escrituras incluísse pelo menos
algumas epístolas de Paulo.
... Homens falaram... Movidos... no grego o verbo é “phero”, isto é, conduzidos. Eles foram
conduzidos pelo Espírito Santo, apesar de usarem palavras humanas.
Alguns estudiosos fazem dessa inspiração algo verbal, isto é, palavra por
palavra. Naturalmente as palavras são os nossos veículos de expressão, pelo
qualquer interpretação dever ser verbal em algum sentido.
Falaram – os profetas
primeiramente proferiram vocalmente, sua mensagem. Então isso era reduzido à
forma de escrita tornando-se Escritura Sagrada.
...Da parte de Deus... – supomos que o autor
inclui aqui a totalidade do A.T., embora ele concentre a atenção sobre a
tradição profética, dentro das Escrituras.
...Pelo Espírito Santo... – o Espírito de Deus é o
agente impulsionador. Ele é a origem do impulso, do motivo, do pensamento, do
desejo de escrever e do caráter que foi escrito.
I- Observações:
1- a questão da inspiração concerne
àqueles que tomam o cânon (canônico= a nossa Bíblia; Deuterocanônico= Bíblia
Católica e Apócrifos= são livros comuns sem ser inspirado) cristão como
Escritura. Trata-se, portanto, de uma exigência teológica a reflexão sobre o
conceito de inspiração.
2- a questão da inspiração está além das
possibilidades da pesquisa científica - Trata-se de um dado de fé; logo, deve
ser assumida enquanto dado de fé.
3- não obstante consistir em dado de fé
(a inspiração), a questão da inspiração deve ser objeto de reflexão, a partir
do princípio segundo o qual "a fé e a razão aliam-se no conhecimento
verdadeiro".
4- fatores complicadores: a) a expressão
"toda" em 2ª Timóteo 3.16 indica uma grandeza indistinguível, não
necessariamente idêntica ao cânon; b) a expressão "homens" em 2ª
Pedro 1.20,21 é uma expressão também indistinguível. Deve-se ter em mente
durante a tentativa de reflexão sobre inspiração o fato de que a formação do
cânon não consiste nunca dado bíblico, mas antes pertinente à História da
Igreja - logo, não necessariamente implícito naquelas expressões.
II-
Assumindo o pressuposto teológico (de fé) de que as Escrituras Cristãs são
inspiradas, resta agora pelo significado dessa afirmação - o que significa
dizer que as Escrituras são inspiradas?
III-
Pressupostos básicos de 2ª Pedro 1.20,21 a serem considerados:
a) os homens falaram
b) falaram movidos (= impelidos, inspirados) pelo
Espírito Santo
c) isso que falaram é a profecia
d) a (essa) profecia não foi produzida por vontade
humana
e) não há interpretações particulares da (dessa)
profecia.
Antes de prosseguirmos nos nossos
estudos teológicos iremos falar rapidamente sobre algumas teorias da Inspiração
mais usual, são elas:
1- Inspiração Verbal -
Cada palavra da Bíblia foi soprada por Deus.
2- Inspiração Plenária -
A Bíblia em todas as suas partes é inspirada. Em decorrência da primeira
teoria.
3- Inspiração Parcial -
Algumas partes da Escritura recebeu inspiração e outras não receberam.
4- Inspiração Dinâmica - Deus escolheu a
capacitar determinados homens para a comunicação e registro da Sua vontade.
Deus concedeu a eles os pensamentos e guiou-os no relato da mensagem divina,
mas eles ficaram livres para escolher e usar as sua próprias palavras.
Alguns textos base para a Inspiração:
No Primeiro Testamento (textos
veterotestamentários): 2º Samuel 23.2; Salmos 119.89; Isaías 40.8.
No Segundo Testamento (textos
neotestamentários): João 14.26; João
16.13; 1ª Coríntios 14.37; Apocalipse 22.6-10.
Agora chegamos ao cisma, ao ponto vital de nossa
discussão.
CRITÉRIOS TEOLÓGICOS E
LITERÁRIOS PARA
A LEITURA DA BÍBLIA
As Sagradas Escrituras têm as suas
próprias exigências. Quando pegamos e a lemos como um livro sagrado,
estabelecemos um CRITÉRIO, critério
esse que se chama METAFÍSICO (conhecimento das causas
primeiras e dos primeiros princípios) e usamos esse Critério Metafísico para a
interpretação. Mas o que é Metafísico? Metafísico tem a ver com o que o sagrado
se constata nas Escrituras, se relacionando com a Inspiração Bíblica. O
critério metafísico já está aí a posteriori (o que vem depois),
isto é, só está aí porque já admitimos, a priori (o que vem antes), que
a Bíblia seja inspirada por Deus. Entretanto, a crença na inspiração da Bíblia,
que é o ato de fé e é que exige dos crentes a se aproximarem da Bíblia com
critérios. Mas o que é se aproximar da BÍBLIA com critérios?
Significa ler as Escrituras a partir de
uma compreensão prévia (entender como o texto diz, ou seja, qualquer leigo pode
ler as Escrituras e entender o que ela diz) da relação entre o processo da
Inspiração e o resultado da Inspiração.
Porém, não existe somente o CRITÉRIO METAFÍSICO,
existe também um outro critério que quando nós a lemos estabelecemos, esse
critério se chama LITERÁRIO. O que é
Critério Literário? Critério Literário é quando entendemos que as Escrituras
tem textos literários. Ta Bíblia, expressão grega onde se deriva a expressão
Bíblia que significa livros. Uma parte das Escrituras são textos literários (66
avos).
O critério metafísico é uma imposição da
fé, e o critério literário é uma imposição da estrutura literária das
Escrituras. O Metafísico apenas os crentes se submete, ao passo que no
literário todos os leitores.
É de suma os crentes respeitarem o
critério literário, pois este critério é resultante também da interpretação das
Escrituras. E é por esse critério que vamos definir a cultura, costume, tradição
entre outras questões onde o critério literário entra em ação e dependendo de
como o leitor observa o texto sua interpretação sairá equivocada.
É de responsabilidade dos professores,
líderes que ensinam na igreja, avisar, ensinar os leitores da Bíblia que
existem esses CRITÉRIOS, pois quando
o leitor não sabem disso, assumem inconscientemente os critérios que já estão
inculcados pela comunidade cristã ao qual ele está inserido. As vezes sabemos
que a comunidade cristã nem sempre está correta nas suas interpretações
(exemplo do sumo-sacerdote com a corda amarrada em sua cintura). As vezes o que
a comunidade oferece para nós é muito superficial, nem sempre é culpa dela
mesma, entretanto é bom sabermos que cada leitor tem a responsabilidade de ler,
entender, interpretar, todos nós temos essas responsabilidades, se todos
entendesse isso não haveria tantas discrepância em nosso meio. O que queremos
dizer quando afirmamos que a comunidade cristã inculca Critérios inconsciente?
Não queremos dizer que a comunidade não têm critérios para a interpretação,
entretanto quando o crente lê as Sagradas Escrituras lembra do ensinamento
outrora passado pelo líder eclesiástico, ou um pregador de fora, ou até mesmo
de um professor, e instantaneamente ele já faz jus a essa interpretação
sem ao menos questioná-las. Logo, quem está lendo não é o "leitor", mas sim a comunidade
que está lendo para ele. Como isso é possível? Simplesmente pelo fato dele
receber as interpretações e aplicá-las ao texto quando lê-los. Ele faz isso
muitas vezes sem querer justamente porque não conhece estes critérios
supracitados acima.
Todos nós somos tendenciosos a fazer uma
interpretação inconsciente, sem ao menos procurar o seu real significado.
Porque? Por que o homem é produto do meio, como assim? Ele sofre influências, a priori, e a posteriori, a priori, quando até
mesmo ele se encontra no ventre de sua mãe, quando criança até ele obter o seu
senso crítico, e a posteriori, também quando ele está
adulto ele recebe influência do seu pastor, do seu professor entre outros todos
nós, todos, recebemos influências boas e más. E na interpretação da Bíblia a
mesma coisa acontece, não interpretamos a Bíblia como os crentes de 50 anos
atrás interpretavam, quem dirá do início do século I. É bem difícil discordarmos
de pessoas, ícones, líderes de que gostamos e de que temos uma afinidade, nem
se quer conferimos o que ele está dizendo, deixamos passar e quando ele erra
nem notamos justamente por causa da afinidade que temos, entretanto os
bereianos não eram assim. Temos que ter o senso crítico em tudo que ouvimos, e
que lemos, crítico aqui não é falar mal, mas sim de uma análise justa e
correta.
Mas uma vez que as Escrituras é recebida
como palavra de Deus, os critérios recebem uma classificação de sacralidade, uma natural
sacralidade. Que ao receberem os critérios inconsciente, recebe a interpretação
inconscientemente, sendo assim confundem tradição com revelação, se identificar
teologia com Palavra de Deus.
Conclusão:
Católicos, protestantes, ortodoxos,
progressistas, moderados, fundamentalistas, tradicionais, carismáticos,
neo-ortodoxos, liberais, teólogos da libertação, todos interagem com a
tradição. Todos identificaram os critérios metafísicos e literários para a
leitura bíblica. Tomaram posições existenciais face a esses critérios, e leem
segundo esses pressupostos, não podia e nem pode ser diferente disso.
Leitura bíblica só se dá a posteriori, os
pressupostos vem sempre na frente, sabíamos ou não de sua existência,
reconheçamo-los ou não, lá estão eles, determinando a maneira como lemos as
Escrituras e a forma como a interpretamos. Nossa compreensão da Bíblia é
consequência de nossos pressupostos teológicos.
Antes de entrarmos diretamente para as
teorias vamos explicar o que é Inspiração e o que é Revelação.
Os
dois são muito contundidos entre as pessoas, entretanto há uma distinção entre
eles. Inspiração tem a ver com o processo, diz
respeito à forma como os homens foram movidos. A inspiração faz a seguinte
pergunta ao texto: Como o Espírito Santo moveu esses homens?
A
Revelação diz respeito ao conteúdo pragmático (que toma o valor prático como
critério da verdade) das Escrituras em relação ao Sagrado. A pergunta que a
Revelação faz é: O que esses homens disseram da parte de Deus?
As três teorias:
TEORIA DA INSPIRAÇÃO
PROPOSICIONAL DIRETA; TEORIA DA INSPIRAÇÃO PROPOSICIONAL INDIRETA E TEORIA DA
INSPIRAÇÃO CÓSMICO-HISTÓRICA.
Aqui há duas teorias que são
proposicionais, a teoria direta e a indireta e a cósmico-histórica ela não é
proposicional. O que é proposição? Ação de propor, de submeter à apreciação ou
a exame; proposta.
A forma proposicional pressupõe que a
revelação de Deus se tenha dado por meio de proposições. Deus diz e o homem
ouve. Entendem que os escritores bíblicos registram rigorosamente as
declarações de Iahweh. Iahweh tanto age no meio do seu povo, quanto fala,
Iahweh manifesta-se, julga, clama, proclama. Iahweh é um Deus falante. E o
processo de inspiração seria a infusão dessas palavras de Iahweh através da
boca do profeta.
As duas descrições do critério formal
traz problemas sérios. A forma não proposicional remete ao leitor a relativizar
todas as declarações das Escrituras que se refiram a Iahweh. E a solução é uma
leitura fenomenológica, tratar como fenômenos os testemunhos. A proposicional
tem um outro problema remete ao leitor a problemas filosóficos relacionados à
possibilidade de interação entre homem e Deus. Uma vez que a linguagem é um
produto humano e por ser um produto humano não conseguiria alcançar algo que é
eterno.
A
PALAVRA É DE DEUS, MAS A COMPREENSÃO, ESSA É HUMANA,
DEMASIADAMENTE HUMANA.
Há também um outro critério, acima foi
exposto o critério da forma, agora é o critério a respeito do material. Como
assim material? O critério material da inspiração bíblica diz respeito à participação humana
na elaboração do conteúdo da revelação. Mais precisamente, no registro dessa
revelação. Aqui há dois grandes problemas.
1- De que forma o homem participa da Inspiração?
2- De que forma o homem se manifesta no registro da
Revelação?
São duas perguntas difíceis de
responder, entretanto iremos dá uma introdução do assunto.
O primeiro problema diz respeito de como
o homem lhe dá com a vida, com o universo, é o homem como ente hermenêutico.
Desde o seu nascimento, criação, sua maturidade, idade da razão, o homem
interpreta os estímulos advindos da vida e do universo. O mundo é para o homem
àquilo que o homem interpreta.
O homem deixa de ser ente hermenêutico
quando se encontra com uma hierofania? E a sua qualidade de ente hermenêutico é
suspensa por ocasião bíblica?
Se respondermos que SIM. Significa
concluir que a Inspiração descaracteriza o homem sendo assim perderíamos as
referências humanas das Escrituras.
Se respondermos que NÃO. Significa
admitir, que o registro da Revelação passa pela sua estrutura hermenêutica
intrínseca. Isso significa que a Palavra de Deus se nos apresenta confirmada às
palavras do escritor bíblico inspirado.
A definição clássica de hierofania nos
apresenta uma intervenção com o sagrado no cosmo: o Absoluto Metafísico invade
um momento em um espaço específicos do Mundo Físico. O Sobrenatural irrompe no
Natural.
O sagrado, então, manifesta-se num mundo
a que o homem tem acesso de forma hermenêutica.
Já a forma não proposicional não
reconhece uma revelação por meio de proposições, mas entende que Deus se tenha
manifestado por meio de intervenções na História.
Os teóricos da não proposicional (TICH)
deve ter em mente que os escritores bíblicos registraram suas experiências com
Deus na forma de diálogos. Suas visões, seus sonhos, as hierofanias de que
participaram tornam-se objetos de descrições teológicas. Essa teoria consiste
em que a Inspiração Bíblica, o Espírito Santo teria movido os escritores
bíblicos a registrarem suas impressões acerca de suas experiências com o
Sagrado e suas interpretações da ações de Iahweh no meio de seu povo, mas não
lhes dirigiu nesse processo. A Inspiração consiste no impulso hermenêutico. O
Espírito Santo teria movido os homens a falarem da parte de Deus, mas não teria
controlado o que eles diziam.
2- E de que forma o homem manifesta-se
no registro da revelação? Como não poderia de ser de outro modo, manifesta-se
de forma integral. A hierofania em si mesma, é uma revelação.
Devemos ter em mente que a linguagem é o
instrumento hermenêutico por excelência. A linguagem humana carrega em sim a
máxima caracterização hermenêutica de sua humanidade.
O registro da Revelação está impregnado
inexoravelmente da interpretação humana.
PALAVRAS
DE DEUS SOB PALAVRAS HUMANAS.
PALAVRAS
HUMANAS CARREGADAS DE PALAVRA DE DEUS.
TEORIA DA INSPIRAÇÃO
PROPOSICIONAL DIRETA
(TIPD)
Essa teoria pressupõe que Deus não só
tenha se revelado de forma proposicional, mas o fez sem que o homem tivesse
qualquer participação no conteúdo registrado da revelação.
A TIPD é amiúde (repetidas vezes,
frequentemente) referida como teoria do ditado verbal, i é, Deus teria ditado
os textos bíblicos para os escritores da Bíblia, os quais teriam registrado
tudo rigorosamente e exatamente conforme o Espírito Santo determinara.
Os teóricos da inspiração proposicional
direta geralmente advogam teorias da Revelação
Plenária(assembleia geral, indulgência), segundo a qual cada letra, frase e
palavra das Escrituras nasceram na mente de Deus, foram pronunciadas por Ele e
registradas fielmente pelos escritores.
Seja como for, a característica
principal da TIPD é o conceito de Inspiração Proposicional sem interferência
humana no registro do seu conteúdo da Revelação.
Sendo assim gera um agravante de
encurvadura maior. Devemos concluir que a Revelação perde sua
fundamentação histórica. Porque? Por não haver um referencial hermenêutico humano, já que o homem não tem
participação alguma. O homem inspirado não é um homem presente, não é o homem
que fala, mas simplesmente há uma máquina de escrever, ou um computador que
você escreve sem ter interrupções.
O teórico desta teoria não admite que
Deus se tenha revelado através de palavras humanas, pois saberia que depois que
tivesse separar palavras humanas das Palavras de Deus não iriam conseguir
separá-las. Entretanto, a Revelação só pode ter-se dado
por INSPIRAÇÃO PROPOSICIONAL DIRETA - e, com isso, quer ele dizer: sem qualquer mínima
participação humana.
É interessante o conflito que o teólogo
desta teoria tem que enfrentar todos os dias de sua vida, por não admitir que o
homem não tenha influenciado com sua cultura, costumes, tradições, e que
principalmente tenha usado palavras humanas. Pois, para esse teórico a palavra
de Deus está absolutamente isenta de contágio humano.
É-lhe inconcebível, por pressupostos espirituais, que Deus possa revelar-se na
humanidade, e que as Palavras de Deus deixem-se carregar de humanidade (se Deus
criou todas as coisas as "palavras" não seria algo criado
por Ele?). Deus é um Deus deísta (Um Deus que fez o homem, mas que não
relaciona com a humanidade). Por isso a Inspiração Direta não pode pressupor a
participação humana. Entretanto, como o teólogo desta teoria explicará o fato
de Jesus Cristo ter-se tornado carne e habitado entre nós e mais de ter usado
palavras humanas demasiadamente humanas carregadas ao extremo de humanidade. Há
uma incoerência da parte deles, pois Jesus se encarnou em forma de homem, el
não só usou palavras, mas foi o Verbo de Deus. O Homem humano não um suprahomem
um aeon, mas veio a esse mundo de homem, se relacionou com o homem, vestiu
roupas de homens, foi gerado pelo Espírito Santo, mas saiu do ventre de uma
mulher (homem), comeu, sofreu, teve sentimentos, ira, amor, paixão, raiva, teve
sentimentos que só os homens possui e principalmente MORREU
E RESSUSCITOU somente o homem pode
morrer, somente o imortal experimenta prova o sabor amargo da morte.
A
Palavra de Deus, para falar ao homem, tem que ser, antes de tudo, palavra do
homem. Assim como Deus, para achegar-se ao homem, fez-se Filho do Homem.
TEORIA DA INSPIRAÇÃO
PROPOSICIONAL INDIRETA (TIPI)
Antes de darmos início há um fator aqui
preponderante. A TIPI é uma teoria intermediária. A TIPD tem absoluta ojeriza a
questão da participação humana no conteúdo da Palavra de Deus, e a Teoria da
Inspiração Cósmico-Histórica "irradia" no conteúdo da Palavra de Deus
a hipótese de ter interferência humana. As duas teorias são extremistas, de um
lado uma considera que Deus ditou tudo e não teve participação humana e por
outro lado a participação humana é imiscuída (misturar-se), isentando a
Inspiração, mas dessa teoria falaremos adiante.
A TIPI ela é um meio termo entre as
duas, é um balanceamento entre a Palavra Divina e entre a parte Humana do
texto. Ela se equivale destas duas teorias e tenta tirar uma conclusão mais
maleável.
Mas é sempre bom lembrar que é uma
TEORIA, como o próprio nome já diz. E por ser uma TEORIA há falhas, erros,
pontos fracos e fortes.
Imaginemos, pois em um dado momento que Deus se
revele e fale. E o que Deus falou neste momento deve ser registrado pelo homem,
mas esse registro de ser feito por palavras deste homem.
O caráter proposicional da Revelação é
mantido, mas restrito a temas. Deus não dita palavra a palavra o conteúdo do
texto ou da profecia. Deus fala ao escritor bíblico inspirado o tema, a
essência, a ideia, o núcleo, ou por qualquer outro nome que quisermos inserir.
O homem então inspirado pelo Espírito Santo, mas com o curso livre de toda a
sua bagagem histórico-cultural desenvolve o tema. O escritor desenvolve o tema
inspirado por Deus a partir de sua circunstância histórica.
Exemplo:
Deus inspira o escritor a escrever sobre A sua graça. É um tema
que Deus o revela, porém a forma que ele vai escrever o texto se é prosa,
poesia, e as palavras com que está descrito, conotativo ou denotativo, tudo
isso fica a cargo do autor. Veja bem Deus revelou o Tema que é A sua graça e Deus o inspira a
escrever, mas ele escreve livremente, o autor não se preocupa em escrever um
ditado, como criança quando está aprendendo a escrever sua professora faz um
ditado e o aluno tem que escrever a mesma coisa que a professora está ditando
seguindo vírgula, pontos, traços e toda a regra que a professora quiser
colocar.
O que o teólogo desta teoria quer? Ele
quer uma Palavra de Deus carregada de humanidade.
Ele não abre mão da crença inalienável
na Revelação de verdades divinas absolutas.
Aprouve ao Sagrado utilizar-se do homem
e de sua linguagem para Revelar-se de forma especial, proposicional, o SAGRADO,
então, utilizou-se de homens. Não somente da mão, mas do homem que ele mesmo
criara: mente e corpo. O homem inspirado não é um homem acéfalo (sem
dirigentes, animal que não tem cabeça, as ostras por exemplo). Ele pensa. Ele
interagir como o conteúdo registrado.
Mas o teórico desta tem um serviço
perigoso e uma delicada tarefa que não é nada fácil, ele precisa identificar
nas palavras humanas o núcleo, o tema, a ideia a essência divina absoluta: o
que ali é o tema, o que são forma e meio? Ou seja o teórico é que julga o que é
inspirado ou não.
E nesse conflito, o teólogo
proposicional indireto toma uma decisão: 1- tudo é divino e
absoluto: e eis nosso teólogo proposicional indireto retornando às suas origens
e assumindo sua convicção pessoal de teólogo proposicional direto. 2- tudo é
humano e relativo: e eis o nosso teólogo tendendo a teoria da inspiração
Cósmico-Histórico.
Parece-nos que a distinção entre as
Palavras de Deus e as palavras dos homens nas Escrituras é uma tarefa inviável.
Como inviável se torna a dissecação do humano e do divino na pessoa de Jesus de
Nazaré. A igreja reconhece na figura de Jesus a sublime confusão entre o divino
e o humano: "o Verbo se fez
carne e habitou entre nós".
E como haveis de separar o divino do
humano em Jesus de Nazaré? O crente reconhece Jesus como a encarnação de Deus.
Mas, quando tem de falar sobre ele, ou fala do Homem Jesus, ou do Deus Cristo.
Quando fala do Homem Jesus, transforma o humano no divino, porque este Homem é
Deus. E quando fala no Deus Cristo, transforma o divino no humano, porque esse Deus
é Homem. Não há mais como separar as duas essências depois que Deus as unificou
em Cristo Jesus. Em que pese a necessidade imperiosa (irresistível necessidade)
da pesquisa a respeito do Jesus histórico, para o crente, o Cristo da fé é
tanto Cristo quanto Jesus, ou seja, tanto Deus quanto homem.
Portanto, a tarefa deste teólogo é
impossível de ser realizada. O divino está entranhado de humanidade, assim como
o homem está entranhado de divindade, quando o que temos em foco é o registro
da Revelação das Escrituras, mediante a Inspiração.
Resta-nos
analisarmos em que sentido podemos conceber uma Palavra de Deus que, justamente
por ser de Deus, precisa ser necessariamente humana.
TEORIA DA INSPIRAÇÃO
CÓSMICO-HISTÓRICA
(TICH)
O teólogo cósmico-histórico em primeiro
lugar está inteirado da leitura fenomenológica da hierofania. Sua teologia
parte da afirmação de que o sagrado se manifesta e porque tem interesses nos
homens.
Mas como o teólogo cósmico-histórico vai
certificar que o seu testemunho é de Deus. Simplesmente ele não tem como saber.
Ele não tem como saber se o testemunho daquele homem não é fruto de uma
alucinação ou uma disfunção de sua mente. Logo, ele assume fenomenologicamente
o testemunho, e constrói um outro elemento de sua TEORIA: 1- o sagrado se
manifesta. 2- a apreensão do Sagrado se dá hermeneuticamente. 3- o testemunho
se recebe fenomenologicamente.
O que diz esse teórico a respeito à
participação humana no registro do conteúdo da revelação? Ele diz que é integral
e completa. O escritor bíblico inspirado apropria-se da Revelação de Deus
mediante o concurso de todas as suas mais íntimas faculdades.
Exemplos: Uma pessoa está em qualquer
lugar e de repente ele tropeça em uma pedra. Daí em diante ele vai formular esse
fenômeno. Deus quer me falar alguma coisa sobre esse evento ocorrido. Onde ele
se faz várias perguntas: o que Deus quer me dizer? O que Deus quer? O que eu
posso tirar de proveitoso? E várias interrogações surgem em sua mente finita a
respeito do Infinito e do Eterno.
O problema a ser questionado é que ele é
quem vai julgar a Revelação, ele vai lhe dar com o fenômeno como sendo Revelado
ou não.
O
teólogo cósmico-histórico acredita que a primeira encarnação de Deus se dá na
Palavra. Para ele o Verbo se fez carne há mais tempo do que dois mil anos. Até
que se fez em Cristo, plenamente Homem.
A
manifestação de Deus é seu obumbramento (ocultar, tornar pouco acessível
disfarçar). Hierofania é silêncio.
O modo que esse teólogo encara a
hierofania é de modo fenomenologicamente, todo sua experiência empírica é dada
historicamente. Ele tem sempre vontade de buscar de Deus algo diferente, nunca
se contenta com o que lhe foi Revelado.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
ACERCA DA INSPIRAÇÃO
A INSPIRAÇÃO DAS
ESCRITURAS
1- Foi mais que provado que o Novo Testamento é uma
fonte que transcendeu a história. O N.T. Não é simplesmente uma literatura
cristã.
2- Embora 2ª Tim. 3.16 necessariamente tenha haver
com o A.T., podemos afirmar que espiritualmente, e logicamente tais declarações
deve aplicar-se aos textos neotestamentários.
3 Indicações no N.T. Se sua inspiração:
a) As palavras de Jesus predita por Ele tem um peso
igual ou maior que o A.T. 1ª Timóteo 6.3.
b) Em vista que Paulo nunca reivindicasse seus
escritos, como coleção, foram inspiradas, certamente reivindica que as
distintas doutrina cristãs que formam o coração da mensagem das cartas, foram
dadas por inspiração. Gálatas 11.12; 2ª Coríntios 12.1.
c) O escritor de Apocalipse reconhece (Apocalipse
1.3; 22.19) que havia um cânon em andamento, e ele propriamente quer que a sua
carta entre nesse cânon.
d) As cartas de Paulo em um tempo muito remoto já
eram consideradas autoritárias como Escritura 2ª Pedro 3.16.
4- O N.T. é a sua própria autenticação. Como uma
coleção, representa a maior literatura de todos os tempos. A história o atesta.
Tem sido traduzido em mais de 1000 idiomas e tem sido a força atrás de muitas
vidas transformadas.
5- A natureza da inspiração tem sido muito
discutida. Sugerimos as seguintes sugestões:
Qualquer inspiração
deve ser verbal, pois o pensamento humano se expressa primeiramente
verbalmente.
Alguns trechos do N.T.
foram dados em visões extáticas e podem ser considerados ditados (Romanos 8;
Efésios 1; I Coríntios 13,15.)
Os ensinos de Jesus
devem ser considerados na categoria de textos extáticos (absorto, enlevado,
pasmado, perplexo, boquiaberto...) como joias de valor incalculável.
As revelações podem se
dar em níveis diferentes, usando, ou transcendendo a condição humana. A
inspiração pode ser dramática ou sutil. Pode ser imediata ou o fruto de muito
tempo de direção e desenvolvimento espiritual. Exemplo é a carta de Tiago, ele
não é de natureza extática, mas sim de natureza de sabedoria desenvolvida por
muitos anos.
A revelação pode
transcender a realização verbal do escritor, ou, como é evidente em muitos
casos, pode usar o fundo cerebral do autor.
Nos Evangelhos Sinópticos
pode ser observado que os escritores nem sempre foram cuidadosos em agrupar os
mesmos ensinos de Jesus, com os mesmos acontecimentos históricos.
6- Inspiração é uma espada de dois gumes: está no
livro e estar no leitor do livro. As pessoas que leem as Escrituras sentem algo
inspirado por Deus.
7- O grande problema não é, portanto, se as
Escrituras são inspiradas ou não. Isto aceitamos como fato provado, histórica,
espiritual e experimentalmente. O problema envolve nosso uso das Escrituras,
até que ponto temos permitido que os documentos divinos nos transformem a
imagem de Cristo? Seremos julgados segundo o nosso uso ou abuso desta
Revelação.
BIBLIOGRAFIA
ANTIGO TESTAMENTO:
Introdução ao Antigo Testamento SCHMIDT, Werner H.
Ed. Sinodal e Faculdades Est
O Pentateuco HOFF, Paul; Ed. Vida
APOSTILAS:
Apostila Critérios Teológicos e Literários Para a
Leitura da Bíblia LUIZ, Dr. Osvaldo Ribeiro. (Texto Base)
Apostila de Hermenêutica Professor Franklin
Ferreira Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil 1999
COMENTÁRIOS:
Comentário do Novo Testamento Esperança Segunda
Carta de Pedro Uwe Holmer; Ed. Evangélica Esperança
Comentário do Novo Testamento Esperança Cartas a
Timóteo Hans Burki; Ed. Evangélica Esperança
O Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo Ph. D. CHAMPLIN R. N. Volume 5, Ed. Hagnos
O Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo Ph. D. CHAMPLIN R. N. Volume 6, Ed. Hagnos
DICIONÁRIO:
Dicionário Teológico Um Suplemento Biográfico dos
Grandes Teólogos e Pensadores CÔRREA, Claudionor, de Andrade; ED. CPAD
NOVO TESTAMENTO:
Qual o Texto Original do Novo Testamento PICKERING,
Dr. Gilberto
Panorama do Novo Testamento GUNDRY, Robert H. Ed.
Vida Nova
TEOLOGIA:
Introdução Bíblica Como a Bíblia chegou Até Nós
Norman L. Geisler e William E. Nix Ed. Vida
Teologia Moderna e Crítica da Bíblia C. S. Lewis
TEOLOGIA SISTEMÁTICA:
Teologia Sistemática FINNEY, Charles; Ed. CPAD.
Teologia
Sistemática GRUDEM, Wayne; Ed. Vida Nova.
Teologia
Sistemática BERKHF, Louis; Ed. Cultura Cristã
Teologia Sistemática CHEUNG, Vincent.
Muito interessante e novo também, não tinha visto isto antes. Varão libera esse conhecimento retido no "HD".
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