"Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." (versão Almeida Revista e Atualizada).
O Apocalipse é um dos textos mais difíceis de interpretação, haja visto que sua linguagem possui muitos silogismo, metáforas e entre outras figuras de linguagens. Porém, o texto supracitado acima é de maneira geral interpretado de maneira equivocada por muitos de nós.
Muitas vezes não temos um critério de análises para poder afirmar algo, entretanto, já afirmamos pelo simples fato que alguém já comentou e afirmou ser uma verdade, não temos essa acuidade de antes repetimos analisarmos o textos ao qual estamos nos referindo. Haja visto que o mundo da teologia é bem vasto e onde se comenta alguma coisa boa ou ruim esse comentário vai longe, principalmente se for pessoas de "renome."
Iremos analisar somente este versículo. Mas é bom o estudante, ou o interessado analisar cuidadosamente os outros versículos, os antecedentes e posteriores para não gerar uma interpretação equivocada de um outro modo.
Há quem diga que este versículo é para osnão crente, os ímpios, entretanto, pelo fato de que Jesus está à porta batendo, e ninguém está escutando. Como se somente os ímpios não escutassem o bater à porta e a voz do Mestre. Entretanto, vemos que quando as pessoas batem à porta estão querendo entrar em uma casa conhecida, de parentes, amigos ou quando há um interesse qualquer, afins de comércios de compra, venda, pagar e outros mais, mas geralmente é de alguém que conhecemos e que temos alguma afinidade com essa pessoa. Na Mundo Antigo poderia bater à porta de uma pessoa de duas maneiras, se batia com uma argola metálica, ou simplesmente chamava a pessoa. Neste caso Cristo está batendo à porta com as duas opções batendo e chamando, aludindo assim o quão era importante entrar no recinto do crentes laodicenses.
Baseados nestas prerrogativas Cristo derrepente pode estar à porta batendo em uma casa conhecida, que é a dos crentes laodicenses.
Não falta chaves (Apocalipse 1.18; 3.7) para Cristo entrar, entretanto, Ele deixa que a pessoa caia em si e resolva abrir a porta para Ele.
A dos ímpios primeiramente tem que ser pregada a Palavra e só depois Cristo entrará para reinar e fazer a obra, esse modo de ver é de uma maneira bem a grosso modo é claro que neste interim há mais coisas, mas não é o caso aqui de comentá-las.
No fim da era da Igreja, Cristo estará do lado de fora da mesma. Isso se dá ao fato da grande apostasia. Onde a Igreja perderá de vez sua identidade e sua crise será horrível, para toda a Igreja como em conjunto, ou individualmente. Será na grande tribulação que se dará a grande apostasia, que só depois se dará o grande advento de Cristo, a sua parousia, ou segundo advento. Esta é a interpretação escatológica, apesar de ser uma "verdade" bem possível, não é a única interpretação aceita entre os autores.
EIS - O que há de interessante aqui é que o Senhor está do lado de fora a espera da ação do homem neste caso.
É indiscutível o valor da vida humana aqui. Há uma interligação entre o Senhor e o dono da porta. De um lado o Senhor, Jesus, está do lado de fora esperando a boa vontade do homem para abrir esta porta, para admiti-lo.
À PORTA - a porta é um silogismo da entrada e da admissão. É o elo de ligação entre Cristo e o Homem. Aqui há pelo menos dois modos de vermos esse termo. Primeiramente ao que está por dentro somente ele tem a chave e pode abrir, aceitar que o Senhor entre e transforme a sua vida; aceitar que o Senhor entre em nossa casa é aceitar mudança de vida, entretanto, o homem pode deixar a porta fechada, impedindo que o Senhor entre. Isso simboliza a rebeldia e a perversão humana no tocante a vontade. Ou seja, ele não quer deixar que o Senhor entre e mude sua vida, ele reprimi toda e qualquer hipótese que o Senhor queira fazer para ajudá-lo, sendo assim não poderá receber a libertação, a transformação da parte de Deus para a sua vida.
A porta é a vida do indivíduo, da igreja ou da comunidade religiosa presente.
O Senhor tem até o poder de abrir a porta, mas Ele não quer abrir, porque espera que o homem faça de bom agrado, de vontade própria. O Senhor não é um vizinho, ou até mesmo um parente mal educado que entra sem bater, mas Ele bate e espera que o homem venha abrir, pois Ele quer fazer parte de um círculo íntimo de sua vida.
Um quadro de pintura de Holman Hunt, em que Cristo aparece diante da porta, a bater, não mostra maçaneta do lado de fora. É que só pode ser aberta pelo lado de dentro. Um homem certa feita levou seu filho pequeno para ver essa pintura. O menino ficou ali pensando, por alguns momentos, e então perguntou: "Por que não abrem a porta?" o pai respondeu: "Pois não podem ouvi-lo batendo". O menino considerou a resposta por mais alguns momentos, mas não ficou satisfeito com a mesma."Não", disse o garoto, "mas é que estão muito ocupados no quartinho dos fundos, fazendo outras coisas, e nem sabem que Jesus está batendo na porta."
Nessa resposta está uma grande verdade, os crentes de Laodicéia estavam tão atarentados com seus comércios, com suas riquezas, com sua espiritualidade, que não era boa, estavam empobrecidos espiritualmente, eram miseráveis, que nem sabiam que Cristo estava a espreita e que estava batendo à porta. Tão era sua surdez que não tinham a capacidade de ouvir o batido na porta. E nessa condição se encontram muitos hoje em dia, não há mais quem ouça o bater de Jesus estamos deixando Ele do lado de fora de nossa vida, ministério e principalmente de nossas Igrejas, são pessoas que estão na igreja, fazem parte da igreja, comungam, mas na verdade estão afastados de Cristo com seus pensamentos longínquos do Reino. Estamos no último cômodo da casa, o quartinho secreto que ninguém entra, é o quarto da bagunça, da solidão, da tristeza, da depressão, das coisas ocultas, é o quarto que a entrada é proibida. Cristo está batendo quem pode ouvir o seu bater?
E BATO - A prerrogativa agora é que Ele está batendo e parece que os ouvidos dos crentes de Laodicéia está agravado, tampado e ninguém ouve o Senhor bater. Esse bater diz-nos que nós devemos nos esvaziar do nosso "eu", se quisermos desfrutar da comunhão com Cristo, visando à nossa restauração e infinita transformação.
"Aquele que é rico veio à habitação dos pobres, desvendando o seu amor e procurando receber outro tanto; também não se retirava ele de quem o repelia, e nem se sentia desgostoso com a insolência; antes, buscando-o, ficou assentado à sua porta, e, para mostra-lhe seu amor , faz tudo, entristece-se, suporta tudo e morre" (Nicolaus Cabassilas, místico grego do século XIV).
OUVIR A MINHA VOZ - Cristo tanto bate à porta como fala também. Mas o crentes estavam realmente ocupados para ouvi-lo. Essa voz é a do "Bom Pastor", é o porta voz do céu, a linguagem suprema do amor, a voz da consciência. Esta voz ninguém da devida atenção.
A VOZ DIVINA
A voz de Jesus, Cabeça e Alvo do homem, buscando, tranquilizando,
A voz de Deus, severa, convidando, insistindo,
A voz do Espírito, pleiteando suavemente, persistindo,
A voz no intímo, insistente, convencedora, convincente.
Todas essas são uma só Voz,
Que exige que se faça uma escolha.
Essa voz, que conheço há muito tempo, ora dentro, ora fora,
Algumas vezes a ela cedo, ou então rejeito em dúvida cega;
Mas nunca sou abandonado e nem ignorado por esse testemunho inexorável,
Nunca deixado no meu estado de fraqueza tão deplorável.
Russell Champlin
ABRIR A PORTA - Este caso se dará quando o indivíduo estiver ciente que Jesus quer entrar para transformar a sua vida, que conduz ao arrependimento e à santificação, e, finalmente, à glória, na medida em que o crente for transformado segundo a imagem do Filho de Deus.
ENTRAREI EM SUA CASA - Casa aqui significa "vida". É entrar na vida do indivíduo, em sua alma para transformar o crente segundo a imagem de quem falava na igreja, porquanto essa é a sua casa, usurpado por homens mornos, sem zelo espiritual.
CEAREI COM ELE E ELE COMIGO - O costume do Oriente em uma refeição comum era a prova de confiança e afeto. Os leitores originais deste livro entendeu claramente a passagem. A Igreja morna e apóstata, é restaurada a confiança e ao afeto passando a comungar com Cristo, bênçãos essas que perdera devido a deslealdade. O banquete efetuado no reino é o símbolo de comunhão e bem estar eterno em Deus.
"O toque da comunhão divina em Cristo, é o elixir que transforma a escória em ouro. Recebemos esse elixir na mesa do banquete de Deus."
Cristo está à porta dos cristãos batendo. Esta é uma realidade de todos nós, entretanto, muitos de nós (isso porque não se deve generalizar) sempre temos uma porta fechada para Deus. Há as vezes alguma coisa que não queremos que os outros saibam, escondemos de qualquer maneira e trancamos a sete chaves pensando em escondê-las, porém, isso nos leva a esconder do próprio Deus deixando assim a porta fechada. Não queremos que nem mesmo Ele saiba de nossas fraquezas, pecados, omissões seja lá o que for, fechamos a porta de tal maneira que não permitimos que Cristo entre e ceie conosco. Devemos levar em consideração que quando alguém vá em nossa casa e come é porque essa pessoa é bem íntima nossa (exceto exceções), logo Cristo é mais que íntimo nosso, ele é nosso Amigo, Mestre, Senhor, "Esposo", enfim são muitos adjetivos que podemos colocar, mas não devemos esquecer nunca que Cristo é nosso confidente. É como se fosse uma relação entre pai e filho (i é, Deus nos chama de filho), entre irmãos, amigos íntimos, entre esposa e esposo cujo o qual o enlace nunca se rompe.
É muito difícil termos pessoas com a qual podemos nos abrir e contar todos os nosso problemas, mais difícil ainda é poder contar com pessoas para nos ajudar sem esperar nada em troca, difícil é confiarmos sem nos decepcionarmos com os "amigos" entretanto, Cristo é muito mais que isso, Ele está acima de todas as expectativas sobre quaisquer enlace sentimental.
Mais interpretações adjacentes acerca do versículo.
1- A referência escatológica é óbvia em todo o versículo. Cristo está à porta, e sua vinda se dará em breve.
2- O apelo de Cristo, faz contraste com as severas advertências de juízo. O julgamento divino é uma medida de amor.
3- Mediante a moderação, a paciência e o entravamento dos apetites carnais, algum dia o homem será participante do banquete divino.
4- O fato de Cristo estar em pé diante da porta significa 3 coisas: a) Cristo não se acha nos corações de crentes mortos; b) Cristo reconhece o direito que que essa pessoa morna tem de deixá-lo do lado de fora e c) Cristo faz um assalto positivo contra a prisão que faz parte inerente do abuso de liberdade.
5- Ordinariamente, o convidado ceia com quem o admite em casa; mas aqui o Convidado divino também se torna o Hoteleiro, pois Ele é o Pão da Vida, aquele que oferece a festa do casamento.
6- Ensina claramente a realidade do livre-arbítrio humano. O Convidado celeste pode ser rejeitado, sendo-lhe negada a admissão.
7- Há declarações do Senhor Jesus que ilustram a verdade da reciprocidade. Este versículo pode ser confrontado com trechos como João 6.56; 10.38; 14.20; 15.4,5; 17.21,26.
8- A porta do arrependimento. No Talmud Shir Hashrim Rabba, fol. 25,1, encontramos as seguintes palavras: "Deus disse aos israelitas: Meus filhos, abri para mim a única porta do arrependimento, tanto quanto o fundo de uma agulha, e abrirei para vós portas mediantes as quais reses e gado de chifre poderão passar." Em Sohar Levit., fol. 8, col. 32, temos: "Se um homem ocultar o seu pecado, não o abrindo diante do Rei santo, embora peça misericórdia, a porta do arrependimento não lhe será aberta. Mas, se abri-lá diante de Deus santo e bendito, Deus o poupará, e a misericórdia prevalecerá sobre a irá; e quando ele lamentar-se, embora todas as portas lhe estivessem fechadas, contudo ser-lhe-ão abertas, e a sua oração será ouvida."
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